Por Fabrício Brandão

Por Fabrício Brandão

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

FELIZ ANO NOVO

Aguardar o ano novo significa renovar as esperanças. Significa acreditar que o futuro apresentar-se-á de forma diferente ou pelo menos que nele manifestar-se-ão as mudanças que tanto almejamos. Esperamos por um montão de coisas que julgamos faltar, como dinheiro, felicidade, amor e por outras tantas que queremos manter, como saúde, paz, emprego, amizade. Nesta mesma ordem para uns e na ordem inversa para outros considerando o que se tem e o que se quer ter. O que importa é que, sejam bens materiais ou imateriais, todos desejamos. Na contemporaneidade o ter passa ser condição para ser. A vida está condicionada à capacidade que se tem para acumular, seja mais dinheiro, mais amigos, mais amores. É a quantidade se sobrepondo à qualidade tornando o viver, quase sempre, mais superficial. Mas não importa, essa é uma outra história...

Fim de ano é para se debulhar um rosário de solicitações. Pedidos e mais pedidos são jogados ao vento para que retornem materializados no teor do objeto desejado. É um rito de passagem entre aquilo que não se quer mais e aquilo que se deseja. Há algum mal nisso? Talvez não. Desde que se resguardem as devidas proporções do bom senso.

Todavia, paralelamente à manifestação do desejo ou mesmo da esperança é imprescindível a mobilização de esforços para se realizar. Desejo e esperança desvinculados da ação é sonho irrealizável. O contrário, é realização. Por isso, espere, deseje e sonhe, mas sempre vislumbrando o movimento que se associa à capacidade do agir. Porque muito do que acontece é fruto daquilo que você mesmo produz. Não mais, não menos!

FELIZ ANO NOVO!

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Um Projeto Pedagógico para a Educação de Jovens e Adultos

Estar fora da escola ou permanecer fora dela não é, como se imagina, uma opção de cada um pautada por uma escolha pura e simples descontextualizada de toda uma história de vida. Pelo contrário, ela remete a particularidades, individualismos e, ao mesmo tempo, a uma realidade social excludente e segregadora. Não exime, inclusive, o poder público da responsabilidade que lhe compete em oferecer o acesso à escola no tempo certo e em criar condições mínimas para que cada cidadão possa estar nela sem se privar de um direito seu que é inalienável.

Considerando tal situação, jovens e adultos fora da escola, e reconhecendo que o reparo devido a ela necessitava ser efetivado é que legalmente instituiu-se a Educação de Jovens e Adultos. Ela surge como uma possibilidade de organização curricular que procura recuperar o tempo perdido e oferecer um ensino que se aproxime mais da realidade do seu público alvo, o jovem e o adulto egressos do ensino regular. Todavia, seu principal objetivo acabava por não se concretizar porque a prática educativa nada mais era do que um transplante daquela praticada nos níveis fundamental e médio. O que, via de regra, causava desinteresse, descompromisso, pouca aprendizagem e nova evasão.

Assim, apresentar aos jovens e adultos da EJA uma proposta pedagógica que adeque mais à sua realidade de sujeitos-histórico-sociais que demandam de uma formação específica deve ser o compromisso do poder público instituído que gere as políticas educacionais. Ao reconhecer tal fato, a Secretaria Municipal de Educação de João Monlevade, por meio de uma Instrução Normativa, desenhou um projeto que contempla uma formação específica destinada ao público que conforma a Educação de Jovens e Adultos a ser implementado a partir do ano de 2011. Tal projeto garante a formação escolar nos parâmetros estabelecidos pela Lei e avança ao incluir na Matriz Curricular tempo destinado à Formação Cidadã e à Preparação para o Trabalho como atividades complementares a serem desenvolvidas extra espaço escolar. Acredita-se que desta maneira, o jovem e o adulto egressos do Ensino Regular poderão ser melhor assistidos nas suas necessidades educativas, pois além de ser destinada a eles uma formação cognitiva que considere sua realidade de vida - todo trabalho será organizado por eixos temáticos -, eles também terão a oportunidade de exercer a sua cidadania e se prepararem para o mundo tão competitivo do trabalho. Por detrás desta intenção está manifestado o compromisso pela defesa do direito de todos e cada um à educação. Não a qualquer educação, mas àquela que intenta contribuir para a formação integral dos sujeitos.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Discurso proferido na "Condecoração do Mérito Escolar"

Estar aqui hoje, nesta solenidade da Câmara Municipal, significa comemorar toda a qualidade de um trabalho desenvolvido nas unidades de ensino de João Monlevade, sejam elas municipais, estaduais ou privadas. Não é muito reafirmar que na atualidade o município possui um dos maiores IDEB do estado e país elevando, em 2009, o índice dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, que era de 5,5 para 6,3 e dos Anos Finais, que era de 4,4 para 4,7. Índice acima da meta estipulada pelo Ministério da educação (sobre tal assunto há um texto neste blog). Além disso, vários alunos das Redes Municipal e Estadual foram premiados na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas e a Secretaria Municipal de Educação considerada destaque no estado de Minas Gerais ao lado de mais um município apenas. O aluno, Lucas Benício dos Santos, e sua respectiva professora, Leila Soares Santos, da Escola Municipal Cônego José Higino de Freitas, foram premiados no “Programa Semeando de Meio Ambiente” na categoria redação a nível estadual.

Temos investido na estruturação física e pedagógica de nossas escolas procurando efetivar o direito de todos e cada um ao aprender promovendo um ensino que se adeque às reais necessidades dos nossos alunos e alunas. Exemplo disso, de 2009 até o presente momento, ampliamos o número de vagas na Educação Infantil beneficiando mais de 430 crianças por meio de novas matrículas. Esse número significa uma ampliação de 42% sobre as matrículas efetivadas no período anterior. Reconhecemos os desafios da progressiva universalização desse nível de ensino, mas vimos nos empenhando, pois somos sabedores de que o quanto mais cedo iniciar o processo educativo formal, mais consistente poderá ser a escolarização e consequentemente a aprendizagem. Estamos apresentando também à comunidade, já apreciado pelo Conselho Municipal, um projeto destinado à Educação de Jovens e Adultos que contempla as especificidades dessa faixa etária, constando na sua Matriz Curricular, além das disciplinas obrigatórias tempo destinado à Formação Cidadã e à Preparação para o Trabalho.

Assumir o compromisso com a qualidade do ensino significa prover as nossas escolas com aquilo que elas necessitam para investir na capacidade daqueles que nelas se encontram. Não só o assumimos com temos a convicção de que os aqui presentes, responsáveis pela condução desse processo também o fazem.

Não poderia, neste momento, deixar de parabenizar os alunos e alunas que estão sendo agraciados com a  Condecoração do Mérito Escolar e que representam todos os demais alunos matriculados no município. Ser destaque significa assumir o compromisso com a sua própria formação, para além, inclusive, dos resultados quantitativos. Por isso, os parabenizo! Parabenizo também, seus familiares, professores e os diretores das unidades de ensino, que são os mediadores de todo o processo educativo percorrido por vocês. Parabéns a todos!

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Os limites da violência

Triste é ter que se deparar com cenas de violência que remetem ao terror, ao medo e ao verticalismo que determina a lei do mais forte pela via armada. Tal realidade não está tão distante como se pensara e não é coisa do Iraque, do Afeganistão ou de Israel. Faz parte do dia a dia aqui no Brasil, seja no Rio de Janeiro ou em outra grande cidade de nossas regiões metropolitanas. O que varia é a sua intensidade e a ousadia dos líderes dessas forças paralelas que enfrentam o Estado legitimamente instituído para cuidar das políticas públicas, inclusive daquelas que remetem à segurança. Tal fato não pode ser compreendido de forma isolada sem se refletir sobre a estrutura da sociedade contemporânea. Seus traços fundamentados no individualismo, que isola; na fugacidade, que torna tudo tão superficial; na supervalorização do Eu em detrimento do Outro; no embate de valores, que torna difícil o diálogo; no fosso social que distancia ricos e pobres; expõem as cicatrizes de um corpo que agoniza e necessita de cuidado. Cuidado tão necessário para torná-lo saudável e disposto ao convívio, senão tão harmonioso, pelo menos tolerável e comprometido com a vida.

Que os acontecimentos recentes sirvam para que o horror e o estarrecimento transformem-se no combustível tão necessário para que mudanças ocorram na conduta de cada um. Não é mais possível conviver com tanta injustiça, violência e mal querer. Ou o homem encontra a exata medida da convivência ou uns sempre desejarão sobrepujar os outros.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Uma chance para o destino

Escrevi aqui certa vez sobre o acaso e o destino. Considerei três condutas que podem se manifestar frente a essas “potências misteriosas”. Uma cética, outra dogmática e uma terceira crítica. Não expus verdades absolutas porque não as considero. Convivo com aquelas que sempre serão provisórias. Mas ainda assim, ratifico a linha de raciocínio desenvolvida naquele momento e que faz-se presente no texto “Acaso e Destino”.

Resolvi retomar a questão depois de ter presenciado um fato que acontecia para o qual aconselhei. Na íntegra o meu conselho:

- Dê uma chance para o destino!

Nada mais. O conselho fora esse. Curto, direto, mas cheio de significado. Afirmo isso porque dele redundou a grata surpresa de um encontro.

Após o aconselhamento e seu resultado, automaticamente pensei na força incompreendida do destino e na sua influência sobre o ser humano. Por mais que sejamos donos da nossa vida e idealizadores do nosso futuro, e creio plenamente que o somos, às vezes o inesperado acontece e concede ao instante outra cor. Seja por influência daquilo que prevíamos ou não. De resto, o que fica é que o destino sempre trabalhará proporcionando encontros e desencontros. A grande questão é que nós, por vezes, não acreditamos nos sinais que o cotidiano nos dá. Não consideramos a presença do imprevisível nas nossas relações, mesmo que este assuma uma força complementar. E, em assim sendo, não oportunizamos a materialização daquilo que está por vir. O certo seria que o oportunizássemos, porque se muito do que nos acontece é fruto da própria condução de nossa vida por nós mesmos, outra parte é mistério que a nós se impõem por parte daquilo que não conhecemos e, portanto, prevíamos.

O achado, então, é dar uma chance para o destino. Assim, o desconhecido somado àquilo que se conhece permitirá sermos aquilo que tão verdadeiramente desejamos.

sábado, 6 de novembro de 2010

Neruda

Um de meus poetas favoritos é o chileno Pablo Neruda. Atualmente estou lendo sua Antología General e, em meio aos escritos, deparei-me com um poema que posto aqui por sua singeleza e significância. Para quem gosta, boa leitura!


SONETO LXIX

Tal vez no ser es ser sin que tú seas,
sin que vayas cortando el mediodía
como una flor azul, sin que camines
más tarde por la niebla y los ladrillos,

sin esa luz que llevas en la mano
que tal vez otros no verán dorada,
que tal vez nadie supo que crecía
como el origen rojo de la rosa,

sin que seas, en fin, sin que vinieras
brusca, incitante, a conocer mi vida,
ráfaga de rosal, trigo del viento,

y desde entoces, soy porque tú eres,
y desde entonces eres, soy y somos,
y por amor seré, serás, seremos.

          

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

MANIFESTO PELA CONTINUIDADE

Quero voltar a um assunto já abordado por mim neste espaço, as Eleições Presidenciais. Em três textos aqui postados desenvolvi reflexões sobre a temática. Num primeiro, destaquei a importância desse momento que caracteriza o processo eleitoral e o valor do voto; num segundo, considerei a proposta da candidata do PV, em quem votei no primeiro turno, Marina Silva, para a educação; e num terceiro, fiz uma declaração de apoio à candidata do PT, Dilma Rousseff. Já havia escrito ainda, numa outra oportunidade, sobre “Educação e Política”. Todavia, desejo uma vez mais promover outra reflexão agora em forma de manifesto.  

Dia 31 de outubro está chegando. Com ele se aproxima a responsabilidade de exercemos o direito do voto com consciência. Digo com consciência porque por meio dele estará selado o futuro de milhões e milhões de brasileiros e brasileiras, dos quais fazemos parte. O resultado que advém desse exercício não interfere somente na realidade de cada indivíduo em particular. Pelo contrário, interfere na realidade de toda uma coletividade que se espalha por este país de dimensão continental, de leste a oeste, norte a sul. Por isso, não façamos do nosso voto um exercício de interesses pessoais. Façamos dele, de outro modo, um exercício do interesse coletivo.

Pensemos, na hora de digitá-lo na urna, no contexto de um país que avançou sobremaneira nos últimos oito anos proporcionando a milhares de famílias a melhoria na sua qualidade de vida e o abandono a uma condição miserável de subsistência. Pensemos naqueles que estavam privados do acesso ao Ensino Superior e que hoje cursam a universidade. Pensemos na cultura e no esporte que estavam relegados a um segundo plano e que agora merecem a atenção devida. Pensemos naqueles que não possuíam moradia e que hoje possuem. Naqueles que não compravam e que passaram a comprar. Pensemos em todos, enfim, que neste dia vivem melhor porque cada um assim o vive.

Não deixemos que se manifeste em nós o desejo por retroceder a uma realidade excludente e opressora. Excludente porque privava muitos de ascenderem na escala social e opressora porque impedia a todos em igual medida de serem mais ao privilegiar pequeno grupo de abastados.

Votemos, no domingo, com a consciência de que a continuidade é necessária. É necessária porque, hoje, o Brasil é muito melhor do que fora outrora. É um país mais justo, humano e solidário. Votemos assim, no domingo, em DILMA! Na mulher que será capaz de cuidar do Brasil tal como o fez o Presidente LULA.  

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Profissão, PROFESSOR

Não é segredo que em todo 15 de outubro comemora-se o DIA DO PROFESSOR. Creio não ser necessário, nesta data, romantizar sobre essa profissão. Isso porque o seu exercício está para além da assunção de uma postura romântica. Não quero evidenciar que a prática pedagógica deva estar desvinculada de atos de amor, de compaixão e de solidariedade. Deve, sim! Como estes devem estar presentes em qualquer forma de relação humana, seja ela profissional ou não. Exponho isso porque o PROFESSOR necessita mais é ser reconhecido como aquele profissional que assume papel fundamental no contexto da sociedade ao contribuir para a formação das gerações que vão se sucedendo e assumindo lugar no bojo desta mesma sociedade.

Formar é para poucos! É para poucos porque implica conter em si capacidades peculiares que vão desde o autocontrole emocional até o saber colocar-se no lugar do outro. Sem contar com o preparo tão necessário para apresentar o conhecimento na exata medida de cada um observando níveis de aprendizagem e para adotar uma postura ética na comunhão de valores considerando um mundo onde prevalece o embate axiológico.

A profissão, PROFESSOR, exige a disponibilidade para inserir-se em múltiplos contextos porque múltiplas são as realidades vivenciadas por aqueles que serão sujeitos de sua ação. Exige a prática rigorosa do método que redunda, em última instância, na produção social do conhecimento. Exige a apropriação da práxis no desenrolar do processo de ensino-aprendizagem tão fundamental para a revisão dos caminhos percorridos que acabam por apontar a mudança de rumos. Exige, ainda, possuir aquele espírito curioso imprescindível para o desenvolvimento da pesquisa.

Por tudo isso, ser PROFESSOR é para poucos! É para poucos porque responsabilizar-se pela formação do outro e preparar-se para tanto numa atualidade em que prevalece o individualismo não é o sonho de muitos. Quanto mais quando o valor social da profissão definhou-se história afora.

Mesmo assim, PROFESSORES que somos no exercício de uma profissão tão relevante para o desenvolvimento humano - e temos consciência disso -, encontraremos a exata medida de nossa valorização. Porque muito mais que transmissores de conhecimento - há aqueles que como tal nos consideram - somos um pólo importante na transformação da história que constitui-se dia após dia. A coletiva e a nossa própria.

Bom dia do PROFESSOR!

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Porque votar em Dilma...

NÃO creio ser o mais coerente adotar o VELHO DISCURSO que contrapõe DIREITA e ESQUERDA para justificar o voto nas eleições presidenciais. A justificativa deve estar embasada no PROJETO POLÍTICO apresentado a nós brasileiros por aqueles que estão à frente de PARTIDOS democraticamente instituídos e que já demonstraram suas POSIÇÕES no processo de condução das POLÍTICAS PÚBLICAS.

PENSANDO ASSIM, acredito que a candidata DILMA ROUSSEFF, por estar comprometida com os PROGRAMAS SOCIAIS implementados ao longo destes oito anos de governo do PARTIDO DOS TRABALHADORES, a saber, MINHA CASA, MINHA VIDA, PROUNI, BOLSA FAMÍLIA, LUZ PARA TODOS, bem como com o CRESCIMENTO ECONÔMICO atrelado à DIMINUIÇÃO DAS DESIGUALDADES SOCIAIS, merece um VOTO DE CONFIANÇA.

VOLTAR AO PASSADO não é possível, se afirmasse isso estaria contradizendo outras idéias expostas neste mesmo blog, mas reeditar fatos e posições que se manifestaram num momento passado em um contexto presente é perfeitamente concebível. Desta forma, não me convém compactuar com um GRUPO POLÍTICO que tão ferrenhamente defendeu os PRINCÍPIOS NEOLIBERAIS neste país quando esteve no poder. Prova disso são as PRIVATIZAÇÕES desregradas das empresas estatais, a OMISSÃO FRENTE AOS PROGRAMAS SOCIAIS, o aumento do DESEMPREGO, sem mencionar diretamente o ACHATAMENTO SALARIAL.

PREFIRO, sem titubear, VOTAR numa CANDIDATA que compartilhou projetos e decisões com aquele que tão bem administrou o Brasil por dois mandatos consecutivos, LULA, e promoveu a expansão das ESCOLAS TÉCNICAS e das UNIVERSIDADES, criou o PROINFÂNCIA, o PDE (Plano de Desenvolvimento da Educação), reduziu a exclusão digital por meio dos TELECENTROS COMUNITÁRIOS e das SALAS DE INFORMÁTICA, ampliou o PODER DE COMPRA dos brasileiros, MNIMIZOU A POBREZA, PENSOU NAQUELES MENOS FAVORECIDOS, enfim.

ASSUMIR convicções faz bem para a DEMOCRACIA e, por nela crer, declaro meu VOTO a DILMA.


quinta-feira, 23 de setembro de 2010

A televisão e a escola

A televisão pode ser um importante instrumento a serviço da formação dos sujeitos, desde que seja destinado a ela um caráter educativo. Como equipamento tecnológico este aparelho encontra-se presente em praticamente 100% dos lares brasileiros portando todo o tipo de informação em programas com os mais variados formatos e tendências, inclusive ideológicas. Alguns possuem caráter potencialmente educativo enquanto que outros, a primeira vista, nem tanto, mas que se bem aproveitados passariam a tê-lo. A TV assume lugar comum na vida de todos os cidadãos e cidadãs formando opinião e conduzindo pontos de vista, estando atrelada, muitas vezes, a parcialidades sócio-culturais que precisam ser interpretadas e compreendidas.

Por conter um viés ideológico e alienante e sendo imprescindível minimizá-lo, fundamental seria que cada um tivesse a possibilidade e, porque não dizer, a oportunidade de interpretar as mensagens por ela portadas com um mínimo de criticidade. A saber, o julgamento crítico é condição essencial para que uma leitura de mundo seja feita a partir da sua essência e não somente a partir daquilo que se manifesta no nível da aparência, podendo ser atingido quanto mais com a formação intelectual. Disso não há dúvida.

Um caminho estaria vinculado, então, ao papel formador desempenhado pela escola, que deve fazer-se valer deste importante veículo de comunicação para promover uma análise crítica da sua forma e conteúdo. Forma enquanto equipamento que porta uma mensagem e conteúdo enquanto qualidade da mensagem portada. É sabido que o processo de ensino e aprendizagem torna-se tanto mais efetivo quanto mais atrativo. Assim, fazendo-se valer da televisão o responsável por esse processo potencializaria um equipamento que está presente no gosto popular e, por isso, contribuiria sobremaneira para o desenvolvimento da capacidade de proceder a crítica, bem como com a própria formação dos sujeitos. Não há que se desconsiderar que a escola é uma instituição que educa e que deve utilizar-se de diversos meios e situações para atingir esse fim.

Consideramos que a TV pode ser melhor aproveitada no espaço da sala de aula e acreditamos que, em sendo, o professor estaria prestando um grande serviço a toda uma sociedade, pois somente no ambiente da análise e da crítica a capacidade de pensar evolui.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Marina Silva e a Educação

Pela manhã a candidata do PV à Presidência da República, Marina Silva, concedeu uma entrevista para os apresentadores do telejornal “Bom dia Brasil”. Considerando os pontos abordados, chamou-me a atenção aquele em que ela defende a Educação Integral. Digo isso porque na sua exposição ficou evidente a idéia que tem acerca da temática, que está para além daquela que caracteriza a Escola de Tempo Integral. Marina Silva, ao seu modo, fez questão de frisar que há uma diferença entre educação integral e escola de tempo integral, justificando que na primeira concepção a formação extrapola os muros da escola e pode ocorrer em outros espaços, como num museu, numa comunidade ou em outros que sejam formadores em potencial. Destaco que a candidata, pensando assim, ratifica que todos os espaços são formadores e que a escola precisa aproveitá-los como tal. E, mais que isso, que ela precisa dar a eles essa conotação.

De pronto, não só concordo com sua proposta para a educação como acredito ser este o caminho. A escola é sim um espaço formador, mas esse não se restringe a ela apenas.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

É hora de eleição!

Época de eleição é salutar porque possibilita ao cidadão e cidadã refletir sobre propostas e programas que interferirão sobremaneira na sua vida cotidiana. Participar da política, em que esfera for, Federal, Estadual ou Municipal, significa desejar contribuir para que os direitos básicos à saúde, educação, emprego, segurança, moradia, dentre tantos outros, como à cultura e ao lazer, por exemplo, sejam garantidos e transformados em qualidade de vida para todos e cada um. A escolha de um candidato está relacionada ao compromisso que se assume com toda uma coletividade, tendo como fim último o bem comum.

Ninguém deve se omitir do exercício do voto. É ele que garante a participação no processo democrático que acaba por definir quais políticas públicas serão implementadas em cada área essencial para o desenvolvimento humano. Por isso, estar atento ao compromisso social assumido pelos candidatos e candidatas é questão primordial na hora da escolha. Estar atento, também, ao passado de cada um e à sua atuação nas câmaras e gabinetes, no caso de já serem possuidores de mandato, torna-se tão necessário quanto conhecer o seu viés ideológico, pois muito do que se faz é fruto do que se pensa.

Desejo assim, bom voto em 03 de outubro!

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

FUTURO DO PRETÉRITO

Posto aqui um poema escrito pelo meu grande amigo, Nonato Mendes Neto, em seu livro "A Gosto do Acaso". Ótima literatura escrita com talento e sensibilidade.


"Virias hoje para me ver,
mas tinhas que andar entre filósofos
e plantar a semente da indagação.
Era preciso inspirar poetas de aldeias distantes
para torná-los célebres depois de mortos.
  
       Tenho sonhado tanto e esquecido mais.
       Superfícies pautadas em branco é o que há,
       e reis que não se sagram,
       castelos que não se erguem,
       solos que não se cultivam,
       pães que não se preparam,
       romãs que não se colhem,
       cores que não se miram,
       alaúdes que não se tocam,
       rimas que não se concebem,
       cantigas que não se entoam,
       salmos que não se escrevem,
       verbos que não se despertam...
       Latim que não se traduz. 

      E eu impedido de fabricar girassóis.

Se ao menos passasses por aqui.
Se estalasses o dedo ou me lançasses um olhar,
mesmo mais rápido que a luz,
já haveria astros sobre a minha cabeça,
e eu poderia povoar o mundo de luas e sóis.  

Eu falaria do homem no arranha-céu,
a assinar papéis e a devorar cigarros.
Mas eu falaria mais da sua vontade
de atirar-se do centésimo primeiro andar
e de parar o trânsito da segunda-feira,
para se tornar manchete nos jornais,
o comentário do dia nas repartições públicas,
quem sabe inspirar uma crônica ou poema
e virar literatura.

Eu falaria do homem seu irmão,
que tem uma dúzia de filhos,
e da mulher que os preparou,
do nome dele num deles,
dos bichos que criam em terras
que não figuram nos mapas,
da casa de pau-a-pique e barro branco
com terreiro de galinhas e varais
em que se agitam panos e remendos,
das estrelas que contam à noite
num céu pralém do sem rumo,
do rádio de pilhas que chia
e não traz notícias da civilização.

Eu falaria de José e de Maria
e da poesia em seus batismos,
da colcha de retalhos dela
e do seu sonho de ser modista.

Do quando raro em que a peleja intervala
e surgem desenhos a carvão na parede do paiol.
É dele o desejo de transformar listras em letras
e de dizer-se sem voz.
Eu os tornaria imperadores
de uma província sem súditos.

Eu buscaria no limbo as almas dos meninos
que morrem sem sacramento.
Reverteria anjos em moleques
para que empinassem papagaios,
bebessem chuva, roubassem mangas,
carambolas e frutas-do-conde.
Para que caçassem vaga-lumes
e dormissem sem rezar o terço
(ainda assim sonhariam com Deus).
Eu afrontaria ampulhetas de pós tão escorregadios
e açoitaria andaços que interrompem destinos.

Eu falaria de meninas imaculadas,
que sonham com príncipes em cavalos brancos
e mutilam bonecas à meia noite,
das orações entrecortadas de suspiros,
das tranças desfeitas e das alças pendidas,
dos sonhos que fazem corar.
Eu falaria de benzedeiras que afastam quebrantos,
de bruxas em casebres, cozendo ervas num caldeirão
para salvar filhos de lavadeiras com ventre virado,
cortando galhos de sapé para retirar impingem
e rezando coisas (que eu não ousaria decifrar),
sem medo de inquisições.

Eu colocaria em pauta o que está sob lençóis,
até mesmo o que eu não pudesse apreciar
e talvez fosse profano e quiçá chocasse
e trincasse santos no altar.
Ah! As coisas insondáveis que eu revelaria,
as cartas de amor não enviadas
(ridículas e eróticas)
ardendo em gavetas de fundo falso,
a ponto de desfazer papiros.

Se ao menos passasses por aqui.
Se estalasses o dedo ou me lançasses um olhar,
mesmo mais rápido que a luz,
eu dizimaria o silêncio,
faria ruir o que é claustro.
E, se ficasses um minuto mais,
dançaria contigo uma valsa qualquer
sobre os escombros."

NETO, José Nonato Mendes. A gosto do acaso. Belo Horizonte: Cuatiara, 2002.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

7 de Setembro

Hoje, pela manhã, muitos monlevadenses se dirigiram para a Avenida Getúlio Vargas com o objetivo de assistirem ao desfile de 7 de Setembro. Novamente sucesso de público. Ao longo de todo o percurso uma multidão assistia atenta às escolas e sociedade civil organizada que muito bem expressaram o tema deste ano, 20 Anos do Estatuto da Criança e do Adolescente. A Administração Municipal, ao realizá-lo, cumpre com o seu dever cívico de comemorar a Independência do nosso país abordando temáticas que contribuem para que o cidadão reflita sobre o seu valor. Seria muito ter a pretensão de apontar um destaque entre aqueles que desfilaram, pois todos engrandeceram a data comemorativa com brilho e senso de patriotismo. Fica o agradecimento pelo empenho e o reconhecimento de que cada um que ali esteve cumpriu com o seu papel de cidadão e cidadã que faz do Brasil um país verdadeiramente INDEPENDENTE!

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Privilége

Tudo tem passado, ficado num tempo sem volta e distante.
Definitivamente recuperá-lo, o tempo, não há como.
Quiçá fosse possível recuperar o conteúdo manifestado nele quando aconteceu.
Aí sim, o presente tomaria outra cor, menos cinza e mais radiante.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Acaso e Destino

Acaso e destino. Duas potências misteriosas. A primeira desenrola-se no exato momento em que se não esperava, sem explicação final ou conseqüência de algo. O que acontece sem ser explicado por nenhuma relação com outras coisas. É uma ação imprevista materializada num dado momento. A segunda, em sendo processo, é a linha traçada pelo tempo onde tudo acontece. Representa uma sucessão inevitável de acontecimentos provocados ou desconhecidos, sendo, por isso, muitas vezes utilizado para justificar o que não se explica pela via do conhecimento ou da ciência.

Muitos não os consideram. Dão ao desenrolar da vida um caráter mais pragmático e mais independente de uma ação externa que ordena o mundo. Apontam o que se apresenta como conseqüência de suas próprias escolhas e fruto daquilo que naturalmente evoluiu. Procuram dar explicações lógicas para tudo que possa caracterizar um provável absurdo existencial. Assumem uma postura cética duvidando de tudo o que se possa duvidar.

Outros, por crerem, entendem que acaso e destino conduzem situações possibilitando  que se seja o que se é e que se faça o que se faz. Os colocam no transcurso da caminhada como aquilo que define rumos e aponta direções. Para esses, ambos seriam como dois pólos aglutinadores que dão à vida o contorno que ela tem, às vezes de forma consentida, às vezes não. Por estarem mais próximos de um estágio de consciência mágica submetem-se a fatos e dogmas tendo muito mais em que se acreditar.

De pronto, acaso e destino incompreendidos o são. Duas incógnitas que se manifestam na relação do Eu com o mundo. Assumindo uma posição crítica mais prudente seria analisar contextos e atitudes, pois, o homem, em seu constante estado de vir-a-ser não se submete ao tempo de forma passiva, mas sim, coloca-se ante a história como sujeito capaz de transformação. Se influenciado por potências misteriosas, em igual medida ele constrói o seu futuro a partir do que de real lhe é apresentado num momento presente que é objeto de sua ação. Acaso e destino se destacariam, assim, como complementares e não determinantes no contexto que caracteriza o cotidiano de cada um. Cotidiano esse que é mais fruto da capacidade de agir do que do desconhecido ou do imprevisível. Em princípio essa pode ser uma convicção.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

A dialética das "coisas"


             É numa tensão dialética que a realidade se organiza.

sábado, 21 de agosto de 2010

Eu e a Filosofia

 Perguntado se sou Filósofo, respondi:

- Não o sou! Aliás, se o papel do Filósofo é debruçar-se sobre a realidade lançando perguntas ao vento para que depois elas retornem acrescidas de outras, aí sim poderia sê-lo.



quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Através do espelho

Quando o homem só enxerga a si próprio como a uma imagem refletida no espelho e não consegue ver do outro lado, torna-se impossível conhecer a si mesmo.


terça-feira, 17 de agosto de 2010

Caravanas do Orçamento Participativo

Neste último sábado iniciaram-se as Caravanas do OP da Prefeitura Municipal de João Monlevade. Com elas, os delegados eleitos terão a oportunidade de conhecer in loco as demandas apontadas nas plenárias onde estiveram presentes moradores dos bairros que compõem cada uma das cinco regionais do município. O Orçamento Participativo é uma boa oportunidade para se fortalecer a democracia e a participação popular no contexto da administração municipal, pois possibilita que o cidadão exponha suas reais necessidades apontando prioridades na realização de obras. Conhecer as várias realidades presentes no município é condição para se detectar problemas e se planejar suas respectivas soluções. É a administração, representada pelo poder executivo legitimamente constituído, indo ao encontro da população que é a principal beneficiária das políticas públicas.

domingo, 8 de agosto de 2010

Olhar e reparar

Por meio do olhar somos capazes de captar aquilo que dá forma à realidade, as imagens. Sobre imagens e olhares já escrevi um texto aqui mesmo neste blog e não precisarei delongar. Mas tudo nunca estará definitivamente acabado. Assim, li outro dia uma frase do José Saramago que muito me interessou. Ele escreveu, no seu livro Ensaio sobre a Cegueira, “Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara”. O que, de pronto, levou-me a estabelecer a distância que existe entre olhar e reparar. Enquanto olho, vejo, capto imagens, reconstituo aquilo que caracteriza o mundo real. Mas reparar é diferente. Reparar significa analisar e tirar conclusões daquilo que é visto. Às vezes se olha e não se repara. O olhar se coloca num estágio mais superficial, enquanto que o reparo num estágio de maior profundidade. Quando se olha tem-se a possibilidade de enxergar aquilo que é foco da visão como resultado da aparência. Quando se repara estabelece-se condições necessárias para se fazer analogias que permitirão chegar à essência daquilo que se está reparando. Desta maneira, acredito ser necessário se botar mais reparo nas coisas. Olhar só, talvez seja pouco!

sábado, 7 de agosto de 2010

(Des)ilusão

A toda ilusão corresponde, em igual medida, uma desilusão. Desiludir-se significa, assim, deixar de lado tudo aquilo que se mantinha presente no imaginário apenas por força do que de irreal se constituía. A desilusão não deve ser, portanto, encarada como um processo fim, mas como um processo meio. Pois é ela que permite o retorno ao mundo real, onde de fato tudo acontece e se caracteriza em forma e conteúdo.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Outros caminhos...

Quando a realidade não se encaminha como se esperava é chegada a hora de revê-la. Mudar o rumo significa assumir que é possível vislumbrar novos horizontes percorrendo novos caminhos.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Tempo

Tempo...
Que passa.
Que fica.
Já realizado.
Há realizar-se.
Que condiciona.
Que possibilita.
Instantâneo.
Processual.
Que nos limita.
Que nos impulsiona.
Morte.
Vida.
Tempo...

terça-feira, 13 de julho de 2010

Sábio Guimarães...

"Infelicidade é uma questão de prefixo."

sábado, 10 de julho de 2010

A revoada das maritacas

Às voltas com o trabalho, num relance de tempo, parei tudo porque um ruído estranho me incomodara. Não era som de automóvel, de motocicleta, de buzina ou de pedestres a caminhar. Nada disso. Reclamei, porque interrompera o que fazia. O barulho atordoou-me. Não era nenhum som comum ao dia a dia a que me acostumara e que, por estar acostumado, mantinha meus afazeres sem interrupções. Aquele não. Era diferente e interrompeu-me. Fez-me levantar, olhar pela janela e procurar a razão que lhe causara. Que ousadia! Provocar a perda de um tempo tão precioso para aquele que trabalhava. Afinal, não é o trabalho que permite ao homem constituir-se como tal? Não é ele que, desvirtuado, possibilita a produção da riqueza? Digo desvirtuado porque, essencialmente, o trabalho deveria possibilitar a subsistência humana e ponto. Naquele instante, todavia, não desejava encaminhar-me para uma reflexão filosófica. O que desejava era reconhecer o motivo que me fazia deixar de trabalhar.

Olhei para baixo em direção à rua. Nada vi à exceção do movimento corriqueiro que caracteriza uma cidade. De onde viria então, o ruído? Da imaginação? Atenciosamente continuei minha rápida procura. Eis que arteiramente um bando de maritacas saiu da copa de uma árvore em revoada. Encontrara o motivo do incômodo: maritacas! Aves que vivem em bandos na mata alta. Na mata alta não estavam porque o homem a ocupara. Encontravam-se sobre os galhos de uma árvore plantada no centro de uma praça chamando a atenção daqueles que, como eu, mais acostumados estavam com os ruídos urbanos e menos com os naturais. Que contradição! O homem, ser social, em pleno habitat idealizado por ele mesmo convidado é a retornar àquele outro natural.

Constatei, tão simplesmente, que maritacas em revoada existem não para incomodar, mas para naturalizar aquilo que de social há no homem. Para fazer com que ele se torne mais humano, pois, às vezes, o cotidiano embrutece.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

IDEB - Ano 2009

Foi divulgado no início deste mês o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica brasileiro, o IDEB. Este índice expõe o retrato da educação em nosso país combinando as taxas de aprovação das unidades de ensino informadas no Censo Escolar e as notas obtidas pelos alunos e alunas do Ensino Fundamental e Médio nas avaliações do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) por meio do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) e da Prova Brasil. O indicador aponta certo avanço no sistema educacional como um todo, mas também onde os problemas fazem-se mais evidentes.

Para os municípios, se bem considerado, o IDEB deve ser um aliado para que diagnósticos sejam feitos e os padrões de qualidade elevados a partir de intervenções consistentes no contexto do processo de ensino-aprendizagem. É possível que cada um deles e cada unidade escolar que os compõem conheçam sua realidade quanto às taxas de aprovação e a proficiência de seus alunos e alunas em Língua Portuguesa e Matemática. Em especial, no caso da cidade de João Monlevade, os índices estabelecidos colocam-na numa posição de destaque para além da meta estabelecida pelo Ministério da Educação para o período e à frente de muitos outros municípios da sua região geográfica, do estado e do país. Todavia, deixa também a responsabilidade de se implementar uma política pública comprometida com sua elevação e com a garantia do direito de todos e de cada um ao aprender. Para tanto, devemos nos empenhar.

sábado, 3 de julho de 2010

Adélia Prado...

"O sonho encheu a noite
Extravasou pro meu dia
Encheu minha vida
E é dele que eu vou viver
Porque sonho não morre."

domingo, 27 de junho de 2010

Brincando com as palavras (II)...

Te ver
Rever
Sentir
Procurar
Notar
Distrair.
Você
Ali
Na minha
Na sua.
Tudo
Caminha
Agora

Sentindo
O que?

sábado, 26 de junho de 2010

Justiça seja feita...

Que se faça justiça aos que lutam contra os males provenientes de todo contexto opressor.
Àqueles que questionam suas próprias verdades e que se impõem ante a realidade de maneira reflexiva, mesmo reconhecendo-se perecíveis.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Brincando com as palavras (I)...

Meu coração apertado fica
Meio que comprimido no peito,
Tal como a alma limitada pelo corpo
Desejando ir ao encontro seu.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Clarice Lispector, fragmentos...

Será que há quem não goste da literatura de Clarice Lispector? Se essa pessoa existe decisivamente não sou eu. Escritora que procura através de seus textos ir para além do cotidiano desvendando o que de mais profundo há na alma. Sobre o amor pode-se abstrair no conto “O ovo e a galinha”:

“A um certo modo de olhar, a um jeito de dar a mão, nós nos reconhecemos e a isto chamamos de amor. E então não é necessário o disfarce: embora não se fale, também não se mente, embora não se diga a verdade, também não é necessário dissimular. Amor é quando é concedido participar um pouco mais. Poucos querem o amor, porque o amor é a grande desilusão de tudo o mais. E poucos suportam perder todas as outras ilusões. Há os que se voluntariam para o amor, pensando que o amor enriquecerá a vida pessoal. É o contrário: amor é finalmente pobreza. Amor é não ter. Inclusive amor é a desilusão do que se pensava que era amor. [...]”

Singelo, profundo e verdadeiro...

terça-feira, 22 de junho de 2010

O berço da desigualdade

SALGADO, Sebastião; BUARQUE, Cristovam. O berço da desigualdade. Brasília: UNESCO, 2005.

Sebastião Salgado e Cristovam Buarque demonstraram no livro, “O berço da desigualdade”, por meio do registro fotográfico e de textos indutores, a crise que permeia a educação mundial. Imagens comoventes e ao mesmo tempo reais que expõem como a desigualdade social deixa um legado de miséria e de precariedade na oferta de um direito universal, a educação. Para os autores, “o berço da desigualdade está na desigualdade do berço”. Constatação que torna-se óbvia para todo aquele que se dispuser a fazer uma análise da conjuntura socioeconômica mundial em que há um fosso separando ricos e pobres, similar a uma “cortina de ouro”. A obra, apesar de apresentar imagens inquestionáveis quanto à carência de recursos no desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem e na própria materialização da vida, aponta para o fato de que o homem, em que circunstância for, é um sujeito em formação. Sujeito esse que, em comunhão com os seus pares, educa-se. De igual forma, ela incita-nos a idealizar um mundo diferente. Um mundo que seja mais justo e humano. Um mundo onde as oportunidades sejam iguais e o berço da desigualdade substituído pelo “berço da semelhança reconstruída”. Sabe-se que uma distância separa o mundo real daquele ideal. Todavia, quanto menor ela tornar-ser mais próximos estaremos daquele idealizado. Para isso deveremos mobilizar esforços, tal como propõe Sebastião Salgado e Cristovam Buarque.

sábado, 19 de junho de 2010

Música e educação

No último dia 17, o renomado pianista e agora maestro João Carlos Martins, esteve em nossa cidade para o lançamento do projeto “A música venceu”, que oferece aulas de flauta e violino há aproximadamente 120 (cento e vinte) alunos da Escola Municipal Governador Israel Pinheiro, em parceria com a ArcelorMittal e Prefeitura Municipal. Os objetivos do projeto balizam-se em três pilares: despertar o gosto pela música erudita; contribuir para a formação de possíveis músicos amadores ou profissionais; e descobrir talentos, como bem diz o próprio maestro, quem sabe diamantes. Na sua passagem por aqui, que se dividiu em dois momentos, um na própria escola com apresentação exclusiva para os alunos e outro no Teatro Prefeito Antônio Gonçalves, do Centro Educacional de João Monlevade, em um concerto com a Orquestra Bachiana Jovem, João Carlos Martins deu mostras de como a música pode contribuir para a formação humana. Simples, simpático e comprometido com o outro, o maestro encantou a todos em apresentações cheias de emoção. Emoção que se prolongou com a presença do jovem tenor, Jean William, que o acompanhou e soltou a voz em músicas como “My Way”, de Frank Sinatra. Linda apresentação. Fez bem para a alma e para o coração. Sua presença indicou para nós que a arte tem sim um caráter educativo. Disciplina, desenvolve habilidades, mas, acima de tudo, torna as pessoas mais sensíveis e melhores.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Pablo Neruda, poeta Chileno...

"Minha fé em todas as colheitas do futuro se afirma no presente."

Desfiz de "tantos" anos

Rubem Alves costuma afirmar que da idade nós desfazemos. Segundo ele, ninguém faz “tantos” anos e sim desfaz de “tantos” anos. Porque a idade representa o tempo que passou. Penso ser prudente concordar. Isso porque acredito que o tempo que nos é imposto, cronológico, é feito realmente do que passou. Daquilo que aconteceu e faz-se no presente por meio da lembrança e das marcas que acabam por estabelecer quem se é. Mas ele, o tempo, também é futuro. Futuro que constitui-se no exato momento em que se vive. Mesmo se considerar-se que ele, o futuro, poderá não se concretizar. O tempo que passa não volta, mas um outro tempo se nos apresenta adiante como possibilidade. Possibilidade de se fazer tudo igual ou diferente. De Ser igual ou Ser diferente. Desfazer do tempo, assim, é bom porque, desfazendo, tem-se a oportunidade de “arrumar o armário”. Aí está a grande oportunidade de renovação e mudança.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Lendo Mario Quintana, resolvi compartilhar...

Poesia

Às vezes tudo se ilumina de uma intensa irrealidade
E é como se agora este pobre, este único,
este efêmero instante do mundo
Estivesse pintado numa tela,
Sempre...


Coração

Coração que bate-bate,
Antes deixes de bater!
Só num relógio é que as horas
Vão passando sem sofrer...


O luar

O luar é luz do sol que está sonhando...

domingo, 30 de maio de 2010

O igual e o diferente

O ser humano é singular. Irrepetível na sua constituição enquanto pessoa. Não há um, igual. Todavia, apesar de ser único, por vezes, deseja ser igual. Talvez essa seja uma das maiores contradições que lhe é imposta. Desejar ser igual sendo diferente. Ser igual para ser aceito, ser igual para pensar parecido, ser igual para estar na moda. Esquece-se assim, que o que se tem de igual é exclusivamente sua diferença. Diferença que possibilita a aceitação e a convivência com o diverso. Que abre a perspectiva do múltiplo e do variado. Que faz da vida dinâmica e dialogada. O diferente possibilita a manifestação do consenso em meio ao discenso. O igual homogeiniza e emburrece. Estabelece relações superficiais e pouco ricas em experiência. Afasta a possibilidade da troca que permite nascer a novidade. Aproxima-se de concepções cristalizadas e distancia-se da perspectiva da mudança.

Sejamos, pois, diferentes! Agora, hoje e sempre!

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Ensinar o que não se sabe(*)

"[...]Todo conhecimento começa com o sonho.
O conhecimento nada mais é que a aventura pelo mar desconhecido,
em busca da terra sonhada.
Mas sonhar é coisa que não se ensina.
Brota das profundezas do corpo, como a água brota das profundezas da terra.
Como Mestre só posso então lhe dizer uma coisa:
Conte-me os seus sonhos, para que sonhemos juntos."

(*)ALVES, Rubem. A alegria de ensinar. 7. ed. São Paulo: Papirus, 2003.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Educação para a diversidade

Em 14 de maio, realizou-se no anfiteatro Prefeito Antônio Gonçalves, no Centro Educacional, o I Seminário “Educação para a Diversidade: Desafios e Possibilidades”, do município de João Monlevade, sob a coordenação da Secretaria Municipal de Educação. Foram convidados para proferirem considerações os Professores Marcelo Lino, Coordenador das Políticas Inclusivas da Secretaria Municipal de Educação de Contagem, Denílson Almeida, Diretor Escolar da Rede Estadual de Ensino de Ipatinga e Dílson Mauro, Professor da Rede Municipal de Ensino de João Monlevade, sob a mediação da Prof. Jânia Almeida, APAE/Contagem. Como eixo da exposição observou-se a diversidade enquanto condição humana, a diversidade social e cultural numa perspectiva histórica e a diversidade no espaço escolar.

Com participação efetiva dos educadores da Rede Municipal de Ensino do Município, o Seminário foi um rico momento de reflexão desencadeado por exposições consistentes e firmes que apontam para a necessidade de se encarar a inclusão não somente como um direito estabelecido por vasta legislação, mas como um processo natural que nasce da diversidade que faz-se presente no contexto da sociedade.

Como ação, o referido Seminário marca o compromisso da Secretaria Municipal de Educação em estabelecer uma política educacional comprometida com as Práticas Educativas Inclusivas, tendo criado, para esse fim, uma coordenadoria pedagógica que tem à frente a Prof. Poliana Cota.

Muitos desafios nos são apresentados. Mas ao lado deles abrem-se possibilidades de se constituir um sistema educacional que tenha a escola como um espaço onde caiba todos e cada um. Para isso trabalharemos.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Entre o Ser e o Ter

Vale-se pelo que se tem não pelo que se é.

Essa máxima contemporânea propõe uma inversão de valores num mundo em que o ato de Ser vale menos que o ato de Ter. Sou pelo que tenho não pelo que me caracteriza enquanto pessoa.

Equívoco tamanho!

Enquanto somos medidos pelo que temos e aceitamos tal imposição acabamos por mover nosso mundo ao redor daqueles que acreditam Ter. Resumimos as relações à condição da posse, tão materialista e superficial. A grande questão é saber se impor por meio daquilo que se é. Enquanto sou e vivencio a importância do ato de Ser, me assemelho àqueles que são independente da sua condição financeiro-material.

Entre o Ser e o Ter estabelece-se o existir. Existo na exata medida que sou e tenho para continuar existindo. Não posso condicionar minha existência à vontade do Ter, apenas. Quem tem e não é não existe. Ser, então, passa a ser condição necessária para existir, inclusive na relação com o outro.

Sobre imagens e olhares

Imagens e olhares, como se completam. Imagens representam tudo o que é passível de ser captado por esse sentido tão peculiar, o olhar. Mais de 80% das informações chegam por meio dele até o ser humano. Claro que cada visão é uma visão sob dado ponto de vista. São múltiplos os olhares. Mas é ele, o olhar, que permite reconhecer, num primeiro momento, as manifestações que configuram a realidade. Olhamos e constatamos como tudo se organiza. As paisagens, os movimentos, as pessoas. Voltar o olhar para uma imagem significa desejar compreendê-la partindo de um movimento que nos leva da aparência à essência. Observar o real pressupõe compreendê-lo como um todo que está organizado para além da soma de suas partes. Olhamos, procedemos análise e emitimos juízo de valor. Olhar significa, então, mais que captar imagens pura e simplesmente. Significa posicionar-se ante aquilo que está sendo visto. O olhar deve permitir ao sujeito posicionar-se ante a estética, às relações e às subjetividades. Os olhos são, assim, portas de entrada para tudo que quer chegar até o domínio cognitivo com a finalidade de ser apreciado.

O homem, sujeito capaz de reflexão, é sujeito capaz de colocar-se ante aquilo que se dispõe a conhecer. Olhamos para uma manifestação estética e nos posicionamos entre o belo e o feio. Olhamos para as relações humanas e emitimos um juízo que vai desde a corrupção dos valores até os princípios da solidariedade. Olhamos para as subjetividades que constituem cada indivíduo em particular e julgamos sua condição humana. Este é assim, aquele é de outro jeito. Um é melhor, o outro é pior. Eu gosto disso, o outro gosta daquilo. E assim por diante...

O olhar, sob a mediação da razão, permite-nos reconhecer as verdades que se manifestam no contexto do cotidiano. Sempre considerando que toda verdade é provisória e está impregnada, muitas vezes, de convicções pessoais.

Assim, imagens e olhares aproximam-se na mesma medida em que aproximam-se consenso e discenso. Não há fórmula para se ver algo sempre sob a mesma ótica. Afinal, toda vista é a vista partindo de um ponto. Quão melhor! Já pensou se homogeneizássemos a capacidade do olhar? Fosse assim, creio que a vida seria muito chata!

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Monlevade, 46 anos

Hoje, 29 de abril, João Monlevade completa 46 anos de emancipação político-administrativa. O movimento de emancipação, conduzido por cidadãos de grande honradez, como o saudoso ex-prefeito Germim Loureiro, alcançou o êxito esperado nos anos de 1964, desencadeando a possibilidade de o município caminhar por meio de suas próprias pernas considerando os desejos e os sonhos daqueles que aqui viviam.

Hoje, emancipada, nossa cidade deu mostras de que a autonomia não pode fazer mal. Muito pelo contrário. Ela permite que os destinos sejam traçados a partir de uma vontade que, em princípio, é individual, mas no contexto de uma cidade, passa a ser coletiva. Quanta diferença há entre aquela João Monlevade de 46 anos atrás e esta atual. Fruto da vontade e do trabalho do seu povo ela prosperou. Tornou-se referência em toda uma micro-região. É pólo econômico e sinônimo de desenvolvimento. Expandiu por entre as montanhas onde acolhe seus mais de 75.000 habitantes. Que bom vê-la assim, fortalecendo-se a cada dia e sendo mais. Muitos desafios se nos apresentam serão vencidos, porque o monlevadense, todos e cada um, e tão forte e tenaz tal como os emancipadores. Disso não tenho dúvida!

Declaro o meu amor a esta cidade, João Monlevade! Aqui nasci, resido e trabalho. Aqui planto jardins na forma de sonhos. Convicto estou de que muito há que se construir. Mas com desprendimento político e participação popular, tudo se fará. O tão almejado desenvolvimento econômico, em parte já alcançado, se solidificará e a tão esperada justiça social com qualidade de vida, encontrará aqui campo fértil.

Congratulo-me com todos os cidadãos monlevadenses neste dia tão especial. Juntos, seremos cada vez mais!

domingo, 25 de abril de 2010

Enquanto isso

"Enquanto isso anoitece em certas regiões

E se pudéssemos ter a velocidade para ver tudo
assistiríamos tudo

A madrugada perto da noite escurecendo
ao lado do entardecer a tarde inteira
logo após o almoço

O meio-dia acontecendo em pleno sol
seguido da manhã que correu desde muito cedo
e que só viram os que levantaram para trabalhar
no alvorecer que foi surgindo"

(Marisa Monte / Nando Reis - 1991)

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Eu e o livro

Recentemente, por meio de uma conversa eletrônica, meu interlocutor fez-me uma afirmativa que merece considerações. Ele disse:

- Ao conversar com você, pareço estar conversando com um livro.

Em princípio entendi como positiva sua afirmação, pois quem conversa com um livro está buscando, quer seja embasamento teórico-conceitual, quer seja mergulhar num mundo imaginário que não é seu, mas que contribui para ampliar a sua capacidade reflexiva.

Todavia, não era isso que estava por detrás dela e não precisei de muita perspicácia nem tempo para perceber. O que meu interlocutor queria dizer-me é que meu discurso estava carregado de reflexões vãs tais como aquelas que encontram-se em um livro. De pronto, respondi:

- Talvez, converso parecendo-me com um livro porque leio muito, enquanto outros não lêem quase nada.

Analisando melhor o que disse, porque o disse no calor da interlocução, faria uma ressalva. Não converso parecendo-me com um livro porque leio muito apenas, mas porque procuro embasar aquilo que digo de forma reflexiva e crítica, seja em que circunstância for. E a faço porque há aqueles que podem ler pouco, mas estão cheios de capacidade reflexiva. Confesso não acreditar serem tantos assim, pois creio na importância formadora da leitura enquanto aquilo que possibilita a ampliação de horizontes e o desenvolvimento do pensar. Mas eles existem e estão por aí!

Considerando ainda a interlocução, concluo afirmando que é preferível ser comparado a páginas escritas de um livro do que ser comparado a páginas em branco. Páginas em branco, apesar de haver possibilidades de tornarem-se escritas, enquanto brancas não dizem nada. Livros, dizem muito. Talvez eles não sejam é bem compreendidos.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Aninha e suas pedras

"...Recrie tua vida,
sempre, sempre.
Remove pedras e
planta roseiras
e faz doces.
Recomeça."

(Cora Coralina)

terça-feira, 20 de abril de 2010

O caminho e a caminhada

Não há caminho, há caminhada.
Porque caminho se faz ao caminhar.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Para seguir

O que nos condiciona acaba impedindo-nos de seguir em frente.
Para realizar há que se romper com tudo aquilo que nos limita.
Não pode haver sentido de pare quando se deve seguir.
A vida é assim. Estrada a percorrer...
Nem mais, nem menos.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

O contador de histórias

O filme, “O contador de histórias”, de Luis Villaça, conta a emocionante história do ex-interno da FEBEM, Roberto Carlos Ramos, que, de figura taxada como irrecuperável, tornou-se um dos melhores contadores de histórias do mundo. Por meio de seu enredo verídico o filme leva-nos a refletir sobre todo um contexto sócio-afetivo que acaba por interferir decisivamente na formação daquela criança-adolescente. É nítido e comprovável aquilo que a própria teoria educacional já reconhece, a saber, que a afetividade é fundamental para o desenvolvimento de cada indivíduo, seja no campo da personalidade, seja no campo cognitivo.

Assistindo ao filme veio-me à cabeça um pensamento que não pude refutar. A relação próxima de uma pessoa com outra necessita estar presente no contexto educativo tal como na própria vida considerando o princípio da afetividade, porque o afeto forma na mesma medida em que a falta dele deforma. Ainda porque a formação só será completa quando ocorrer o princípio da responsabilização. Se aquele que conduz o processo educativo não se responsabilizar por quem está se formando, como educar?

Quem não assistiu “O contador de histórias”, assista! Em seu enredo há uma excelente oportunidade para se refletir e se emocionar. Assim como para se constatar que na força das relações abrem-se perspectivas formadoras e humanas. Nem tudo está perdido!

sábado, 10 de abril de 2010

A esperança e o medo

Esperança e medo representam sentimentos contraditórios que impelem os sujeitos a seguirem por caminhos diferentes. Isso devido àquilo que as caracteriza, pois dependendo de cada característica particular seremos induzidos a colocar-nos ante aos fatos de uma forma ou de outra.

A esperança é corajosa, solidária, confiante. Associa-se à capacidade do agir.

O medo é, temeroso, individualista, pessimista. Associa-se ao imobilismo.

Se somos esperançosos agimos com confiança aliados àqueles que são representativos junto a nossa realidade. E agimos assim porque juntos somos mais. Somos capazes de realizar e operar transformações. A esperança só realiza-se baseada na crença de que tudo é possível desde que algum movimento ocorra. Esperança não combina com acomodação.

Se somos medrosos nos voltamos para nós mesmos e passamos a conviver com a fragilidade que é comum àquele que, por temer, não age. O medo imobiliza porque não tornamo-nos capazes de, juntos, caminharmos rumo à transformação de um contexto que é opressor. O medo só permanece mediante a presença da incapacidade do agir. Medo combina com aquilo que nos acua.

Quando a esperança vence o medo grandes realizações ocorrem porque passamos a assumir a nossa postura de sujeitos que fazem-se valer da sua capacidade de operar transformações. Por isso, a esperança precisa sempre vencer o medo. Quem vive na esperança acredita sempre na possibilidade. Quem vive no medo acredita sempre no determinismo.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Educação e política

É possível admitirmos uma educação que não seja política?
Decisivamente, não!

A educação é, por natureza, instrumento político. Todo processo de formação pressupõe o preparo necessário para que a realidade se descortine ante ao sujeito, que por tornar-se reflexivo é dotado de capacidades que o permitem debruçar-se sobre ela para tal fim. Nesse contexto, a educação não pode ser neutra. Ela precisa contribuir, sobremaneira, para que as contradições manifestadas no cotidiano, sejam elas econômicas, sociais ou mesmo com conotação político-partidária possam ser elucidadas. Para tanto, o homem-cidadão necessita ter o preparo intelectual suficiente para tornar-se apto a refletir. Nunca se esquecendo que ao refletir associa-se o agir. O caráter positivista que atrela à ciência o viés da neutralidade não pode permanecer ativo em pleno século XXI. O simples ato de existir pressupõe, indiscutivelmente, uma tomada de postura ante a vida fruto de escolhas.

Dizer que a educação é política, então, significa dizer o mesmo para o professor-educador? Ou seja, significa dizer que o professor-educador precisa assumir uma postura política?
Decisivamente, sim!

O professor-educador não torna-se alheio à dinâmica da vida. Mesmo que ele insista em simplesmente ensinar conteúdos curriculares isso não pode redundar na negativa ao sujeito da possibilidade de sua emancipação. Não pode redundar na negativa do direito à aprendizagem que liberta. Liberta porque, se é de fato, permite-o fazer conexões entre conceitos, idéias e o mundo real. O que não se pode é exigir que o professor-educador assuma uma postura político-partidária. Isso seria arbitrariedade. Da mesma forma, não se pode admitir que ele feche os olhos para a desigualdade, a injustiça e os desmandos que acabam por submeter a todos e a cada um a uma realidade opressora. Isso seria alienação.

Educação e política estão mais próximas do que se imagina. Mesmo porque, quando não escolho, escolho ainda.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Conhecimento e ação

Li hoje e, por considerar pertinente e próximo daquilo que foi escrito por mim no texto “A aprendizagem e sua relação com o conhecimento”, postado no dia 07 de dezembro de 2009, fica como forma de reflexão.

“Não há conhecimento sem ação,
nem ação sem conhecimento.
Os dois formam um todo e isso não é
uma questão técnica, mas constitui um
princípio fundamental da Educação Básica.”
(Vinoba Bhave)

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Extensão do IFMG em João Monlevade

SESI, 31 de março de 2010.

Encontramo-nos aqui para disponibilizar aos monlevadenses mais uma possibilidade de formação. Ao trazermos para o Município, por meio de um convênio com o IFMG, o curso “Técnico em Manutenção e Suporte em Informática”, extensão do Campus Ouro Preto, estamos favorecendo a inserção de jovens e adultos no mercado de trabalho e incentivando o desenvolvimento de nossa cidade.

Como um compromisso da Administração 2009-2012, do Prefeito Gustavo Prandini, realizamos um feito na área educacional. Além de cumprirmos com a nossa responsabilidade de investir na Educação Básica, no nível da Educação Infantil e do Ensino Fundamental e na modalidade da Educação de Jovens e Adutos, estamos ampliando nossos investimentos no Ensino Pós-Médio, profissionalizante. Somado ao curso de Química oferecido pela Escola Municipal Governador Israel Pinheiro, hoje damos início às atividades do IFMG com um curso na área tecnológica. Nossa intenção é, tão somente, contribuir para que o cidadão monlevadense tenha condições de se inserir no mercado de trabalho com a qualificação que lhe é exigida.

Muitas realizações já ocorreram na Educação Municipal. Além de reformarmos e ampliarmos escolas e Centros Municipais de Educação Infantil, implementamos o Projeto Bebê a Bordo, que atualmente beneficia a 432 crianças, o Transporte Social Universitário, que beneficia a 100 estudantes que se deslocam para o Vale do Aço e Itabira, viabilizamos a inclusão digital nos Telecentros Comunitários distribuídos por 10 bairros, ampliamos a oferta de vagas na Educação Infantil atendendo à comunidade em dois novos Centros localizados nos bairros Sion e Boa Vista, investimos na formação continuada dos nossos professores, realizando o I Congresso Internacional de Educação e o Cine Clube Educação. Dentre tantas outras.

Muito ainda há que se fazer, mas damos mostras aqui de que realizar é o nosso compromisso ao efetivarmos uma parceria sólida entre Município e IFMG, aqui representados pelo Prefeito Gustavo Prandini e enviado do Reitor Prof. Caio Mário Bueno Silva, pessoa a quem agradeço por ter aberto as portas para que as negociações entre Município e Instituto transcorressem de forma ágil gerando o resultado esperado.

Agradeço também ao Deputado Federal Leonardo Monteiro, que desde o princípio nos apoiou sendo peça fundamental nesta conquista.

Por fim, parabenizo aos aprovados no processo seletivo que aqui se encontram e reafirmo o compromisso da Administração Municipal com a educação. Pois somos cientes de que somente uma sociedade bem formada é capaz de transformação.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Canção do novo mundo

Quem sonhou
Só vale se já sonhou demais
Vertente de muitas gerações
Gravado em nosso corações
Um nome se escreve fundo
As canções em nossa memória
Vão ficar
Profundas raízes vão crescer
A luz das pessoas
Me faz crer
E eu sinto que vamos juntos
Oh! Nem o tempo amigo
Nem a força bruta
Pode um sonho apagar
Quem perdeu o trem da história por querer
Saiu do juízo sem saber
Foi mais um covarde a se esconder
Diante de um novo mundo
Quem souber dizer a exata explicação
Me diz como pode acontecer
Um simples canalha mata um rei
Em menos de um segundo
Oh! Minha estrela amiga
Porque você não fez a bala parar
Oh! Nem o tempo amigo
Nem a força bruta
Pode um sonho apagar
Quem perdeu o trem da história por querer
Saiu do juízo sem saber
Foi mais um covarde a se esconder
Diante de um novo mundo
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Beto Guedes
Composição: Beto Guedes / Ronaldo Bastos

domingo, 28 de março de 2010

Para voltar

Para voltar há que se deixar pegadas.
Nenhum caminho pode ser refeito sem que hajam marcas sinalizando o retorno.
Para voltar há que se reconhecer a importância daquilo que em algum lugar permaneceu.
O ato de voltar significa incorporar ao presente aquilo que o originou em alguma medida.
O processo de volta, assim, não é um processo de retorno à realidade cristalizada ontem.
Mas um processo de incorporação desta realidade a uma realidade nova, já transformada pelo tempo.

A ação e a esperança

Neruda, em seu livro, Para nascer nasci*, escreveu em uma de suas passagens que "a ação é a mãe da esperança". Tal afirmativa, sem idéia complementar, leva-nos a perguntar por quê. Uma possibilidade de resposta: porque sem ela, a ação, a esperança não se realiza.

*NERUDA, Pablo. Para nascer nasci. 9. ed. Rio de Janeiro:Bertrand Brasil, 2002.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Ouvir e perguntar na pós-modernidade

Tenho me feito perguntas freqüentes sobre os traços da pós-modernidade e suas conseqüências no processo de formação dos sujeitos. Desta vez foquei minhas reflexões no desenvolvimento das capacidades do ouvir e do perguntar. Hoje, elas tem se desenvolvido a contento? Os sujeitos, no seu processo formativo, tem sido estimulados a ouvir e a perguntar? Qual a importância do desenvolvimento dessas capacidades na evolução do pensamento?

A bem da verdade, nesses tempos, ouve-se pouco e pergunta-se menos ainda. A disponibilidade para se ouvir e perguntar não faz parte do cotidiano porque quem ouve e pergunta pensa e quem pensa interessa pouco a uma estrutura em que o poder se sobrepõe por meio da manipulação das massas.

Ao ato de ouvir e perguntar soma-se o desenvolvimento do pensamento reflexivo tão necessário para o reconhecimento da realidade tal como ela se apresenta na sua essência, para além da aparência. Eis a razão para a escola se ocupar da formação do sujeito-ouvinte e do sujeito-perguntador. Quem ouve interioriza a informação e a transforma em conhecimento apreendido. Quem pergunta se torna apto a reconstituir o objeto a ser conhecido fruto de suas próprias reflexões. Não se pode, assim, desassociar esses dois atos, haja vista que a formulação de idéias passa por um movimento que, mediado pela comunicação, permite aos sujeitos apropriarem-se daquilo que está presente no mundo real e é passível de ser assimilado pelo domínio cognitivo.

Prudente seria, então, reconhecer os limites e interesses da pós-modernidade contribuindo para que o ouvir e o perguntar se tornassem regra e não exceção junto à formação de um homem que abnega de si capacidades tão essenciais para a materialização da sua própria autonomia.

O jardim e o jardineiro

O que se encontra no início?
O jardim ou o jardineiro?
É o jardineiro.
Havendo um jardineiro, mais cedo ou mais tarde um jardim aparecerá.
Mas, havendo um jardim sem jardineiro, mais cedo ou mais tarde ele desaparecerá.
O que é um jardineiro?
Uma pessoa cujo pensamento está cheio de jardins.
(Rubem Alves)

segunda-feira, 22 de março de 2010

A educação na época do Ter

A educação na época do Ter, característica da pós-modernidade, atrela-se a uma formação propedêutica, baseada nos compêndios, mais atrelada à informação do que à necessidade do formar-se. Assume compromisso com condutas individuais, com a competição e o foco no mercado. Distancia-se daquilo que poderia promover no Ser sua autonomia ante a realidade e o desenvolvimento de habilidades que o currículo oficial reprime. Nela, a aprendizagem não é compreendida como um momento de interação entre os pares e o outro não é considerado como alguém a se associar no contexto de uma produção coletiva, mas sim a se superar. Dialeticamente a educação do Ser e do Ter devem estar presentes nas reflexões pedagógicas, porque, na prática educativa, uma delas se materializará, incondicionalmente.

domingo, 21 de março de 2010

Dia mundial da água

22 de março, dia mundial da água. Data relevante para se refletir sobre a importância desse recurso tão essencial à vida no planeta. Saber utilizar e não poluir fazem parte da pauta de discussão que se relaciona à temática. Hoje, domingo, dia 21, o DAE (Departamento de Água e Esgotos) do município de João Monlevade, promoveu uma celebração às margens do Rio Piracicaba com a presença dos Padres Jorge e Martim, conclamando a todos a se unirem em prol da sua conservação e consumo consciente. Uma autarquia que lida com a água diretamente levando-a até nossas casas reverenciou o recurso tão essencial à nossa manutenção na Terra. O Prefeito, Gustavo Prandini, o Vice-Prefeito, Wilson Bastieri, o Diretor do DAE, Geraldo Amaral, o Diretor-Adjunto, Contrapino, grande líder dos movimentos sociais, estiveram na cerimônia na manhã deste domingo. A administração municipal, por meio da autarquia, demonstrou neste evento seu compromisso com as questões ambientais deixando evidente que a conscientização e a tomada de atitude são essenciais para vivermos em um mundo melhor.

sábado, 20 de março de 2010

É caminhando que se faz o caminho

A caminhada não será fácil nem a estrada uma linha reta. As curvas se apresentarão. Atalhos serão desconsiderados e as distâncias mais longas ficarão como opção. A vida é assim... Nem sempre como a gente desejaria, mas sempre um desafio, momentos a decifrar. Jardins para se plantar não faltarão, nem flores para se colher e perfumes para se sentir. A dialética nos propõe a contradição, feliz-triste, novo-velho, bom-ruim, coragem-medo... É necessário compreender um pólo para se compreender o outro para, depois, compreender o todo e fazer opções. Assim, é a vida... Contradição que precisa ser compreendida.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Ostra feliz não faz pérola

ALVES, Rubem. Ostra feliz não faz pérola. São Paulo: Planeta do Brasil, 2008.


Ostra feliz não faz pérola. Excelente livro de Rubem Alves. Textos leves com temáticas variadas nos convidam a refletir sobre a política, a educação, a natureza, a beleza, a religião, a saúde mental, o amor, a infância, a velhice e a morte. Uma viagem literária que, conforme deve ser o papel da própria literatura, nos convida a reflexões suaves e, ao mesmo tempo, densas. Tal obra só pode acrescentar experiências novas às nossas experiências. Eis o motivo para ser lida.

domingo, 14 de março de 2010

A luta pela lembrança

Ontem é uma árvore de longas ramarias, e à sombra estou deitado, recordando.
(Pablo Neruda)

Palavras

As palavras são poderosas.
Às vezes melhor não dizê-las.
Mas quando ditas, devem levar a algum lugar.
Palavras não combinam com o silêncio.

sexta-feira, 12 de março de 2010

O tempo, o cotidiano, as escolhas...

O tempo, o cotidiano e as escolhas são condicionantes da existência que se tem apresentado a mim e me levado a refletir sobre tantos outros que a eles se relacionam causando, intimamente, inquietação.

O tempo, manifestado nas suas três dimensões, passado, presente e futuro, indica que muito foi feito, mas que há muito por se fazer. Indica que hoje, ele mesmo, o tempo, “corre” rápido demais, a considerar-se dois aspectos. O primeiro, junto ao contexto da modernidade, tempo coletivo, que leva todos a viverem freneticamente em um momento que não é seu, mas que foi criado para os conter; o segundo, junto ao contexto de cada um, tempo individual, que “passa” mais rápido ou devagar considerando fases distintas do existir com as peculiaridades que se manifestam no momento vivido. Para cada qual um ritmo, da criança ao idoso.

O cotidiano, expressão da vida social e das relações humanas, espaço da convivência e das manifestações sócio-culturais, quase sempre apontando para tramas conflituosas, jogos de interesse, competição exacerbada e ritmo de vida mediado pelo ter em detrimento do ser. Estabelece limites, mas pode ser ponto para transposições. Condiciona, mas pode desencadear possibilidades. É expressão de um modo de vida vivenciado na contemporaneidade.

As escolhas, momento único de decisão, não são assumidas tal como se deveria. Escolhe-se dentro de uma realidade tão ampla que os sujeitos da escolha acabam por tornar-se objetos do movimento que caracteriza o escolher. Escolhe-se, não considerando interesses que se manifestam no íntimo do ser, mas sim, considerando interesses que se manifestam junto à realidade objetiva: para se ganhar mais, porque a empresa solicita, porque a cidade é violenta. Escolhas suas que não são tão suas como se acredita.

Tempo, cotidiano, escolhas... Quisera pudessem ser experimentados na tranqüilidade da alma. Sem a pressa corriqueira, a superficialidade nas relações e a imposição de ações que são externas ao desejo. Não fosse assim, toda a preocupação esvair-se-ia dando lugar à contemplação daquilo que é verdadeiramente belo e bom: o levantar do sol e o alvorecer; o perfume das flores; o som das águas; o vôo dos pássaros; o cacarejar dos galos tecendo as manhãs; a chuva que cai; o brincar das crianças; o entendimento entre os homens.

É chegada a hora! Inquietos do mundo, uni-vos!

quarta-feira, 3 de março de 2010

Sobre a utopia...

Não há sonho. Há realidade que pode ser transformada, melhorada.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Saber aprender (*)

Pedro Demo, na primeira parte do seu livro “Saber Pensar”, mais precisamente no capítulo quatro, faz algumas observações sobre o que é aprender.

"é a maior prova da maleabilidade do ser humano, porque, mais que se adaptar à realidade, passa a intervir nela."(p. 47)

"é antes de tudo rechaçar a reprodução. Neste sentido é fenômeno reconstrutivo e político." (p. 47)

"é, em seu centro, saber fazer-se sujeito de história própria, individual e coletiva." (p.51)

Segundo ele, “(...) aprendemos do que já tínhamos aprendido, conhecemos a partir do que já sabíamos.” (p. 48)

Partindo de sua concepção, pode-se concluir que aprender é algo fundamental para que o homem se aproprie do conhecimento para que possa atuar conscientemente frente à realidade com o objetivo de transformá-la. Assim, ao aprender, ao apropriar-se dos conhecimentos produzidos por si mesmo, o indivíduo se torna sujeito de sua história, tanto individual quanto coletiva.

É fundamental estar claro que nenhuma pessoa pode realmente tornar-se crítica se não conhece, se não tem instrumentos para apropriar-se do conhecimento. A apropriação do conhecimento é uma via para o desenvolvimento da criticidade e, consequentemente, para o reconhecimento da realidade. Pedro Demo deixa transparecer exatamente isso ao longo de seu texto. Ele outorga à aprendizagem um sentido político, reconstrutivo e como algo capaz de instrumentalizar a autonomia do sujeito. Ele assinala:

a) Sobre seu caráter político:

"a aprendizagem é um fenômeno político, porque é inseparável da condição do sujeito interpretativo e interveniente, se tornando a base da autonomia." (p. 50)

b) Sobre seu caráter reconstrutivo:

"a aprendizagem é um fenômeno reconstrutivo; jamais pode ser reduzida à reprodução do conhecimento, mesmo que compareçam sempre e naturalmente componentes imitativos." (p. 50)

c) Sobre a instrumentalização da autonomia:

"(...) todos os artifícios didáticos, principalmente a aula, não podem ser mais que expedientes supletivos, que teriam como única razão reforçar a autonomia do aluno. Neste sentido, se pode fazer uma ligação direta entre saber pensar e saber aprender, porque revela o sentido da conquista da autonomia, dentro de um processo permanente de inovação crítica e criativa." (p. 51)

O parecer de Pedro Demo é pertinente e objetivo. E, mais ainda, deixa evidente que o ato de aprender é um ato político, pois o trata como uma necessidade essencial para que o indivíduo se conscientize de sua condição social e da necessidade de lutar coletivamente para mudá-la. Ele tem que alcançar sua liberdade que, “não pode ser imposta, mas negociada em sociedade. Saber aprender indica esta habilidade de rara maleabilidade, que ora precisa ser intransigente para marcar presença, ora transigente para conviver." (p. 53)

(*)Adaptado por: BRANDÃO, Fabrício Nereu.

Referência Bibliográfica

DEMO, Pedro. Saber Pensar. São Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire, 2000.

sábado, 23 de janeiro de 2010

José Martí, edcucador cubano...

“Educar es 'depositar' en cada hombre
toda la obra humana que le ha
antecedido: es hacer a cada hombre
resumen del mundo viviente, hasta el
día en que vive: es ponerlo a nível de
su tiempo, para que flote sobre él, y
no dejarlo debajo de su tiempo, con lo
que no podrá salir a flote; es preparar
el hombre para la vida.”

(José Martí)

sábado, 16 de janeiro de 2010

O currículo como um projeto educativo: seu caráter aberto e flexível

1- Por que compreender o currículo como um projeto educativo?

Um projeto pode ser compreendido como um plano de ação sistêmico e flexível elaborado para obter-se determinados fins que gerarão mudanças educativas empregando recursos materiais e humanos, como deve ser o currículo.
Sendo a escola uma instituição que prepara os jovens para o desenvolvimento de atividades na sociedade, pretende-se manter estreitas relações entre as atividades escolares e as demandas externas sociais. A necessidade do aluno tanto do ponto de vista do seu desenvolvimento como sua relação com a sociedade passam a ser pontos de referência na configuração de projetos educativos. A atenção aos processos educativos e não somente aos conteúdos é um novo princípio que apóia a concepção do currículo como algo que valoriza a experiência do aluno nas instituições escolares.
A escola é um espaço de decisão que deve estabelecer medidas mais concretas para o desenvolvimento de um projeto educativo que está preocupado com a melhoria constante da qualidade de ensino por meio do aperfeiçoamento dos professores.
Os meios para esse desenvolvimento vão desde a disponibilidade de uma biblioteca, a realização de seminários sobre temas concretos, a facilitação de conhecimentos diretos e indiretos de experiências educativas inovadoras com suas análises e discussões, que proporcionarão a dinamização entre investigação e ação.

2- Quais devem ser as preocupações sociais, pedagógicas e curriculares a serem incorporadas pela escola?

. Estreitar relações entre as atividades escolares e as demandas externas sociais.
. Tratar os conflitos sociais frente às distintas visões.
. Partir de um conceito amplo de cultura que exige a presença de educadores e o aproveitamento de diversos recursos comunitários.
. Ter um sentido democrático que implica a descentralização que sugere reverter o projeto educativo escolar para a comunidade a qual serve.
. Compensar as diferenças de origem dos alunos para enfrentar os conteúdos curriculares.
. Diversificar as exigências escolares para que as capacidades de todos tenham acolhida na escolaridade.
. Desenvolver valores de solidariedade por meio do conhecimento e das práticas pedagógicas.
. Suprimir a concorrência entre os alunos.
. Implementar um currículo comum para todos, superando as discriminações produzidas pela separação dentro do sistema escolar de especialidades curriculares diversificadas socialmente.
. Diagnosticar e trabalhar os problemas sociais relacionados com a juventude, que afetam diretamente as famílias e a sociedade, que exige atenção por parte da escola para preveni-los e criar uma consciência social frente aos mesmos. As escolas devem ser instâncias educativas para a comunidade e não locais para simples obtenção de diplomas ou creches infanto-juvenis.

3- Como deve ser um currículo aberto e flexível?

O currículo aberto se constrói e exige um tipo de intervenção ativa discutida em um processo aberto por parte dos atores participantes, dos quais está a cargo: professores, alunos, pais, forças sociais, grupos criadores intelectuais, para que não seja uma simples reprodução de decisões e modelações.
O currículo aberto deve contribuir para o interesse emancipatório e deve ter um núcleo comum para todos e uma parte complementar e diferenciadora.
O núcleo comum deve dar resposta às funções homogeneizadoras do currículo e a parte diversificada tratar das diferenças, tendo como objetivo dar espaço para os interesses distintos ou para suprir desiguais níveis de exigência acadêmica.
A escolaridade obrigatória pode permitir a oportunidade de desenvolvimento variado em objetivos e conteúdos comuns a todos, abordando as suas peculiaridades. O currículo comum será menos coercitivo e mais flexível se possibilitar a expressão das diferenças em métodos diversos e permitir aos alunos escolher atividades e conteúdos que serão desenvolvidos.
O currículo aberto e flexível deve ser uma prática sustentada por uma reflexão. Um plano construído através da interação entre o refletir e o atuar, dentro de um processo que compreende o planejamento, a ação e a avaliação. Deve proporcionar que os alunos se convertam em sujeitos ativos e participantes de seu próprio saber.

4- Por que ele deve ser assim?

. Porque o conteúdo a ser transmitido não poderá ser feito a todos os alunos de uma mesma forma, ele tem que ser ordenado de acordo com suas dificuldades e realidades.
. Porque a fonte do currículo é a cultura que emana de uma sociedade.
. Porque o currículo deve responder as necessidades sociais. “ Veja o que os homens fazem na vida real e saberemos o que deve ser o conteúdo de sua escolaridade”. (Sacristán, 1996, p. 155).
. Porque o currículo tem uma relatividade histórica. Ele representa um determinado momento histórico.
. Porque ele deve oferecer uma visão da realidade como processo de mudança, cujos atores são os seres humanos, os quais estão em condições de realizar sua transformação. De acordo com Sarup (1990), citado por Sacristán: “A função do currículo não é refletir uma realidade rígida, mas pensar sobre a realidade social, é demonstrar que o conhecimento e os fatos sociais são produtos históricos e conseqüentemente, que poderiam ser diferentes (e que ainda podem sé-los)”. (Sacristán, 1996, p.157).
. Se o conhecimento muda com lentidão e às vezes radicalmente, os currículos não podem ser dogmas. Se o conhecimento constrói-se e se revisa, a educação, o currículo que o representa como indiscutível seria um contra-senso.” (Sacristán, 1996,p.158).
. Porque o tempo e o espaço não podem ser rígidos, tem que ser flexíveis e adaptáveis à realidade da escola e dos alunos.
. Para permitir a organização de projetos de trabalho que levem em conta as necessidades reais do aluno e de sua comunidade.
. Porque a relação ensino-aprendizagem é dinâmica e pressupõe mudanças e adaptações.

Referências Bibliográficas

. HERNÁNDEZ, Fernando. A organização do currículo por projetos de trabalho. Porto Alegre: ARTMED, 1998.
. SACRISTÁN, Gimeno. O currículo: uma reflexão sobre a prática. Porto Alegre: ARTMED, 2000.
. SACRISTÁN, Gimeno; GÓMEZ, Pérez. Compreender e transformar o ensino. Porto Alegre: ARTMED, 1996.
. SANTOMÉ, Jurjo Torres. Globalização e interdisciplinaridade. Porto Alegre: ARTMED, 1998.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Discurso proferido em homenagem aos formandos do curso de Pedagogia/2009 da UNIPAC-Itabira

Este é um dia notadamente especial.

No percurso de nossas vidas sonhamos, planejamos, estabelecemos metas e rumamos à procura daquilo irá nos completar, seja no âmbito pessoal ou profissional.

Aqui encontramo-nos, formandos, familiares, professores, para selarmos uma conquista de vocês que acabam de se formar. Conquista essa que interfere na condição humana de cada um, porque a educação possui esse poder. Todos aqueles que dela desfrutam tornam-se mais humanos, afinal o processo educativo pressupõe aprendizagem, socialização, desenvolvimento da capacidade reflexiva e formação ética. Hoje, vocês, formandos, meus afilhados com muito gosto, completaram mais um ciclo de formação. Tornaram-se mais humanos e estão mais preparados para cumprirem as exigências da sociedade contemporânea, que cobra de nós o preparo profissional para adentrarmos no mundo do trabalho.

E que opção! Ser educador!

Tarefa não muito fácil nos dias atuais, mas fundamental se deseja-se sonhar com um mundo mais justo, fraterno e ético. Assumir a responsabilidade em participar da formação do outro é para poucos! Não são tantos assim os que se dispõe a dominar princípios teóricos que serão utilizados em prol da formação de toda uma sociedade, porque isso envolve entrega, aceitação do outro como ele é, e a crença sempre constante de que mudar é possível. O educador, seja ele professor ou pedagogo, não é um super-homem ou uma mulher-maravilha, é um sujeito sócio-cultural como cada um o é, indistintamente. Possui fraquezas, carências, se irrita, ama, chora, odeia... Por vezes fica insatisfeito com a condição profissional a que está submetido, com o salário... Mas ele é diferente! Ele crê acima de tudo nas potencialidades humanas e trabalha para que elas se sobressaiam. Por isso, formandos-afilhados, vocês são diferentes! E me orgulho muito disso! Isso foi o que nos aproximou desde o primeiro instante!

Eu, na condição de professor, crente das suas potencialidades. E vocês, na condição de alunos, crentes na minha capacidade, assim como na dos demais professores, em contribuir junto à formação de cada um. Educar é isso! É crença, troca, confiança!

Recordo-me, por vezes, nesse processo de ensino-aprendizagem-convivência, de características bem peculiares desta turma que ora se forma. Não gostaria aqui, e nem teria tempo para isso, de remeter-me a cada um. Prefiro de forma geral, lembrar-lhes de algumas características que representam a todos vocês na coletividade, mas que necessitam estar presentes em cada um de forma individual. Não obstante, uma andorinha só não faz verão, não é mesmo?

A primeira característica que me recordo refere-se à sede de conhecimento. Como vocês procuraram conhecer!

A segunda refere-se à capacidade reivindicativa. Como vocês reivindicavam!

A terceira está relacionada ao cuidado com que vocês encaminhavam as questões conflitantes. Como vocês foram diplomatas!

A quarta vincula-se ao comprometimento e companheirismo. Como vocês se comprometeram uns com os outros!

E a quinta refere-se ao desejo de sempre fazerem o melhor. Como vocês foram zelosos!

Destaquei essas cinco características, porque elas são fundamentais para a condução de qualquer processo no contexto da vida humana e elas se fizeram e precisam continuar presentes na vida de cada um.

Nunca percam a sede de conhecimento. Quem conhece se coloca melhor frente à realidade e o conhecimento não cessa nunca!

Nunca deixem de reivindicar. Quem reivindica abre a possibilidade para que novos horizontes surjam!

Nunca abram mão de serem mediadores de conflitos. Quem media contribui para que as soluções se apresentem!

Nunca deixem de ser companheiros. Aquele que se associa aos outros transforma a realidade!

E, por fim, façam sempre o melhor que puderem! Quem faz o melhor se auto-realiza e contribui para a realização do outro!

SEJAM FELIZES e SONHEM SEMPRE! Porque como escreveu Paulo Freire, “ai daqueles e daquelas que pararem com sua capacidade de sonhar, de inventar a sua coragem, de denunciar e de anunciar”.

Por isso, sonhem, inventem, denunciem, sejam corajosos, anunciem e façam a diferença!

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Idéias para se refletir acerca do currículo

Toda prática pedagógica estrutura-se partindo da existência de um currículo que acaba por estabelecer um determinado caminho a ser percorrido no contexto do processo educativo. Todavia, pouco se discute ou se reflete sobre o currículo no cotidiano escolar, o que acaba por desvinculá-lo da realidade daqueles que o vivenciarão no ambiente da sala de aula. Daí que se propõe algumas idéias para se refletir acerca do currículo, a saber.

“Currículo não se refere ao que o estudante fará em uma situação de aprendizagem, mas sim ao que será capaz de fazer como consequência do que aprendeu... Currículo se relaciona com resultados e não com episódios de aprendizagem.” (Johnson)

“Um currículo é um projeto educacional que define:
a) Os fins, as metas e os objetivos de uma ação educacional.
b) As formas, os meios e as atividades a que recorre para alcançar esses objetivos.
c) Os métodos e os instrumentos para avaliar em que medida a ação têm produzido frutos.” (D’Hainaut)

“O Currículo não é um conceito, mas uma construção cultural. Isto é, não se trata de um conceito abstrato que tenha algum tipo de existência fora e previamente à experiência humana. É, antes, um modo de organizar uma série de práticas educativas.” (Grundy)

“O conteúdo é condição lógica do ensino, e o currículo é, antes de mais nada, a seleção cultural estruturada sob as chaves psicopedagógicas dessa cultura que se oferece como projeto para a instituição escolar. Esquecer isso supõe introduzir-se por um caminho no qual se perde de vista a função cultural da escola e do ensino. Um ponto fraco de certas teorizações sobre o currículo reside no esquecimento da ponte que deve estabelecer entre a prática escolar e o mundo do conhecimento ou da cultura em geral.” (King)

“Numa sociedade avançada, o conhecimento tem um papel relevante e progressivamente cada vez mais decisivo. Uma escola ‘sem conteúdos’ culturais é uma proposta irreal, além de descomprometida. O conhecimento, e principalmente a legitimação social de sua possessão que as instituições escolares proporcionam, é um meio que possibilita ou não a participação dos indivíduos nos processos culturais e econômicos da sociedade, ou seja, que a facilita num determinado grau e numa direção.” (Gimeno Sacristán)

“O Currículo é o que tem atrás toda educação, transformando suas metas básicas em estratégias de ensino. Tratá-lo como algo dado ou uma realidade objetiva e não como um processo no qual podemos realizar cortes transversais e ver como está configurado num dado momento não seria mais que legitimar de antemão a opção estabelecida nos currículos vigentes, fixando-a como indiscutível.” (Lundgren)

“Um currículo é uma tentativa para comunicar os princípios e traços essenciais de um propósito educativo de forma tal que permaneça aberto à discussão crítica e possa ser transportado efetivamente para a prática.” (Stenhouse)

Toda reflexão pressupõe análise, crítica e tomada de decisão. Assim, idéias postas, cabe a cada um avaliar qual concepção de currículo vigora no ambiente escolar, considerando seu universo particular. Algumas aqui foram colocadas, outras tantas existirão. Quiçá, dessa avaliação perspectivas mais inovadoras de currículo não possam surgir.