Por Fabrício Brandão

Por Fabrício Brandão

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Eu e o livro

Recentemente, por meio de uma conversa eletrônica, meu interlocutor fez-me uma afirmativa que merece considerações. Ele disse:

- Ao conversar com você, pareço estar conversando com um livro.

Em princípio entendi como positiva sua afirmação, pois quem conversa com um livro está buscando, quer seja embasamento teórico-conceitual, quer seja mergulhar num mundo imaginário que não é seu, mas que contribui para ampliar a sua capacidade reflexiva.

Todavia, não era isso que estava por detrás dela e não precisei de muita perspicácia nem tempo para perceber. O que meu interlocutor queria dizer-me é que meu discurso estava carregado de reflexões vãs tais como aquelas que encontram-se em um livro. De pronto, respondi:

- Talvez, converso parecendo-me com um livro porque leio muito, enquanto outros não lêem quase nada.

Analisando melhor o que disse, porque o disse no calor da interlocução, faria uma ressalva. Não converso parecendo-me com um livro porque leio muito apenas, mas porque procuro embasar aquilo que digo de forma reflexiva e crítica, seja em que circunstância for. E a faço porque há aqueles que podem ler pouco, mas estão cheios de capacidade reflexiva. Confesso não acreditar serem tantos assim, pois creio na importância formadora da leitura enquanto aquilo que possibilita a ampliação de horizontes e o desenvolvimento do pensar. Mas eles existem e estão por aí!

Considerando ainda a interlocução, concluo afirmando que é preferível ser comparado a páginas escritas de um livro do que ser comparado a páginas em branco. Páginas em branco, apesar de haver possibilidades de tornarem-se escritas, enquanto brancas não dizem nada. Livros, dizem muito. Talvez eles não sejam é bem compreendidos.

Um comentário:

  1. Ah se não fossem os livros. Os livros que lemos, fazem parte de nós como as células que formam nossos corpos. De certa forma, somos os livros que lemos. Quem leu Gabriel Garcia Marques, George Orwell, Victor Hugo, a Bíblia, Machado de Assis, Marx, Ken Wilber, Drummond, Quintana, Jorge Amado, só pra citar os que lembrei de relance, jamais será o mesmo. Á partir do momento que introjectamos os livros em nosso inconsciente, passam a fazer parte de nós e nos tornamos melhores ( ou não) à partir do que lemos. Há de se observar que existem também as sementes do mal. De Maquiavel, às artes das guerras, livros malditos, quer dizer: vai depender da índole das pessoas e da sua predisposição em se deixar influenciar negativamente ou não. Mas na vida é assim. Há quem aprenda uma arte marcial para se defender e quem queira se apoderar de determinada técnica para matar ou destruir alguém. É o livre arbítrio.

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