Por Fabrício Brandão

Por Fabrício Brandão

quarta-feira, 24 de março de 2010

Ouvir e perguntar na pós-modernidade

Tenho me feito perguntas freqüentes sobre os traços da pós-modernidade e suas conseqüências no processo de formação dos sujeitos. Desta vez foquei minhas reflexões no desenvolvimento das capacidades do ouvir e do perguntar. Hoje, elas tem se desenvolvido a contento? Os sujeitos, no seu processo formativo, tem sido estimulados a ouvir e a perguntar? Qual a importância do desenvolvimento dessas capacidades na evolução do pensamento?

A bem da verdade, nesses tempos, ouve-se pouco e pergunta-se menos ainda. A disponibilidade para se ouvir e perguntar não faz parte do cotidiano porque quem ouve e pergunta pensa e quem pensa interessa pouco a uma estrutura em que o poder se sobrepõe por meio da manipulação das massas.

Ao ato de ouvir e perguntar soma-se o desenvolvimento do pensamento reflexivo tão necessário para o reconhecimento da realidade tal como ela se apresenta na sua essência, para além da aparência. Eis a razão para a escola se ocupar da formação do sujeito-ouvinte e do sujeito-perguntador. Quem ouve interioriza a informação e a transforma em conhecimento apreendido. Quem pergunta se torna apto a reconstituir o objeto a ser conhecido fruto de suas próprias reflexões. Não se pode, assim, desassociar esses dois atos, haja vista que a formulação de idéias passa por um movimento que, mediado pela comunicação, permite aos sujeitos apropriarem-se daquilo que está presente no mundo real e é passível de ser assimilado pelo domínio cognitivo.

Prudente seria, então, reconhecer os limites e interesses da pós-modernidade contribuindo para que o ouvir e o perguntar se tornassem regra e não exceção junto à formação de um homem que abnega de si capacidades tão essenciais para a materialização da sua própria autonomia.

Um comentário:

  1. Parabéns pelo Blog. Sinceramente, a pós-modernidade me intriga. Não sei do se impacto no que diz respeito à educação, mas no terreno das artes, da arquitetura, da estética, sua constatação é avassaladora. Em tempos de digitalização da vida, de globalização de tudo, passado, presente e futuro se misturam e se embolam num novelo. Assistimos ao surgimento da calculadoras eletrônicas, quando as pessoas simplesmente pararam de fazer contas. Agora assistimos impassíveis ao surgimento do grande oráculo, São Google, que responde a quase todas as perguntas que fazemos. Daqui a pouco, chegará a tal Internet 3.0, que promete levar essas "respostas" à uma potência inimaginada. Aí eu pergunto: Onde vamos parar? Matrix já é?

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