Por Fabrício Brandão

Por Fabrício Brandão

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Menos um ano!

É engraçado, mas nessa época comemora-se o que está por vir. O desconhecido que acena com novas possibilidades. Conta-se para frente sem considerar que o novo ainda não realizou-se.
E aí, diz-se:

- Mais um ano!

Quando de fato deveria se dizer:

- Menos um ano!

Porque é mais um que ficou para trás! De alegrias ou tristezas. De feitos ou de pouca realização. De sabores ou dissabores. De aprendizado ou de erros repetidos. 2011, definitivamente já era! É menos um ano na conta que abre caminho para que mais um possa ser contado para ser diminuído ao final.

É bacana pensar dessa forma porque ao subtrair se é possível deixar para trás aquilo que é preciso ficar. Assim, há mais espaço para o novo que apresentar-se-á. Apesar de que não se constituem milagres! O não feito nunca transformar-se-á em feito, do nada. Tudo é processo longo, lento e cotidiano. O novo nascerá de uma dinâmica de continuidade e ruptura daquilo que já está estabelecendo-se.

De toda forma, FELIZ ANO NOVO!

Menos um na conta! E mais um para realizar-se e diminuir-se ao final!

Então, realize e diminua!

domingo, 18 de dezembro de 2011

Gestão e Boas Práticas

A Secretaria de Educação do município de João Monlevade realizou no dia 15 de dezembro último, o Seminário de Gestão e Boas Práticas. Tal evento teve como principal objetivo a socialização daquilo que vem sendo desenvolvido nas instituições de ensino que compõem a Rede Municipal e que envolve efetivamente a gestão considerando os espaços escolares, a relação interpessoal, os aspectos administrativos e a efetivação de projetos, tudo tendo como foco principal a aprendizagem.

Compreendendo a educação como uma política pública que precisa ser efetivada em rede, num movimento que pressupõe a compreensão de que cada espaço escolar é singular, mas ao mesmo tempo vivencia traços gerais que são comuns, a proposta do município é envidar esforços para que a gestão seja considerada peça fundamental no desenvolvimento das aprendizagens dos quase sete mil alunos e alunas que se encontram frequentando as escolas municipais. Gestão aqui compreendida não como capacidade para gerenciar problemas pontuais, mas sim como aquela que avaliando situações propõe ações efetivas que visem o alcance de objetivos e metas que intentam elevar os padrões de qualidade para além daqueles já constituídos.

Neste dia, os gestores escolares puderam relatar experiências vivenciadas em suas respectivas escolas considerando a lógica da diretriz em rede sem perder de vista suas singularidades. Creio ter sido esse um dos seus pontos altos, além de claro, os próprios relatos que demonstraram o compromisso de todos e cada um com a gestão escolar e com o desenvolvimento das aprendizagens.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Carta de despedida del Che a Fidel

"Año de la Agricultura"
Habana

Fidel:



Me recuerdo en esta hora de muchas cosas, de cuando te conocí en casa de María Antonia, de cuando me propusiste venir, de toda la tensión de los preparativos.

Un día pasaron preguntando a quién se debía avisar en caso de muerte y la posibilidad real del hecho nos golpeó a todos. Después supimos que era cierto, que en una revolución se triunfa o se muere (si es verdadera). Muchos compañeros quedaron a lo largo del camino hacia la victoria.

Hoy todo tiene un tono menos dramático porque somos más maduros, pero el hecho se repite. Siento que he cumplido la parte de mi deber que me ataba a la Revolución cubana en su territorio y me despido de ti, de los compañeros, de tu pueblo que ya es mío.

Hago formal renuncia de mis cargos en la Direccón del Partido, de mi puesto de Ministro, de mi grado de Comandante, de mi condición de cubano. Nada legal me ata a Cuba, sólo lazos de otra clase que no se pueden romper como los nombramientos.

Haciendo un recuento de mi vida pasada creo haber trabajado con suficiente honradez y dedicación para consolidar el triunfo revolucionario. Mi única falta de alguna gravedad es no haber confiado más en ti desde los primeros momentos de la Sierra Maestra y no haber comprendido con suficiente celeridad tus cualidades de conductor y de revolucionario. He vivido días magníficos y sentí a tu lado el orgullo de pertenecer a nuestro pueblo en los días luminosos y tristes de la Crisis del Caribe. Pocas veces brilló más alto un estadista que en esos días, me enorgullezco también de haberte seguido sin vacilaciones, identificado con tu manera de pensar y de ver y apreciar los peligros y los principios.

Otras tierras del mundo reclaman el concurso de mis modestos esfuerzos. Yo puedo hacer lo que te está negado por tu responsabilidad al frente de Cuba y llegó la hora de separarnos.

Sépase que lo hago con una mezcla de alegría y dolor, aquí dejo lo más puro de mis esperanzas de constructor y lo más querido entre mis seres queridos... y dejo un pueblo que me admitió como un hijo; eso lacera una parte de mi espíritu. En los nuevos campos de batalla llevaré la fe que me inculcaste, el espíritu revolucionario de mi pueblo, la sensación de cumplir con el más sagrado de los deberes; luchar contra el imperialismo dondequiera que esté; esto reconforta y cura con creces cualquier desgarradura.

Digo una vez más que libero a Cuba de cualquier responsabilidad, salvo la que emane de su ejemplo. Que si me llega la hora definitiva bajo otros cielos, mi último pensamiento será para este pueblo y especialmente para ti. Que te doy las gracias por tus enseñanzas y tu ejemplo al que trataré de ser fiel hasta las últimas consecuencias de mis actos. Que he estado identificado siempre con la política exterior de nuestra Revolución y lo sigo estando. Que en dondequiera que me pare sentiré la responsabilidad de ser revolucionario cubano, y como tal actuaré. Que no dejo a mis hijos y mi mujer nada material y no me apena: me alegra que así sea. Que no pido nada para ellos pues el Estado les dará lo suficiente para vivir y educarse.

Tendría muchas cosas que decirte a ti y a nuestro pueblo, pero siento que son innecesarias, las palabras no pueden expresar lo que yo quisiera, y no vale la pena emborronar cuartillas.

Hasta la victoria siempre, ¡Patria o Muerte!
Te abraza con todo fervor revolucionario,



GRANMA INTERNACIONAL 1997. EDICION DIGITAL La Habana. Cuba.
http://www.granma.cu/che/carta.html

domingo, 11 de dezembro de 2011

Brincando com as palavras (IV)...

Presença.
Ausência.
Saudade.
Sonho.
Ilusão.
Realidade.
Momento.
Distância.
Desejo.
Tudo.
Nada.
Sempre.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Preciosa - Uma história de esperança

Preciosa é uma adolescente de 16 anos que vive no bairro do Harlem, em Nova Iorque. Convivendo com restrição econômica e com a privação de um relacionamento familiar saudável, não se encaminhava bem na escola. Também, seria pouco provável que se encaminhasse. Porque além das condições materiais de existência pouco favoráveis, era violentada pelo pai, de quem esperava o segundo filho, e maltratada pela mãe. O filme relata a verdade nua e crua de uma adolescência roubada e o papel da escola nesse mar de opressão. Fato que levou-me a ponderar sobre o seu enredo.

É evidente que o contexto da vida é muito mais amplo do que a escola. Mas também é evidente que ela insere-se nele de algum modo. Assim, no filme em questão delineiam-se o papel pedagógico de duas escolas frente às vivências de seus alunos e alunas.

Na primeira, "escola regular", a inflexibilidade diante dos problemas dos alunos evidencia-se. O que é facilmente percebido na postura adotada frente à notícia da segunda gravidez de Preciosa: suspensão das aulas e encaminhamento para uma escola alternativa, haja vista que ela, além de não aprender, vivia dispersa em seu mundo. Nesta, o ambiente heterogêneo e rico em experiências que é um potencial desencadeador de aprendizagens não é levado em conta.

Na segunda, “escola alternativa”, ao contrário, numa turma só de meninas, a homogeneidade prevalecia. Em comum, adolescências roubadas e a manifestação da não-aprendizagem. De "alternativo", só mesmo o papel da professora que potencializava a aprendizagem ao considerar as vivências de suas alunas. Ela fazia-se valer de um princípio básico, o de que a escola enquanto instituição socialmente constituída insere-se no contexto social mais amplo e é parte dos problemas que a ela se apresentam porque integra o todo que compõe efetivamente a realidade.

De sua análise, à luz de uma pedagogia comprometida com as questões sociais e também com o direito ao aprender que é de todos e cada um, fica que o olhar é peça fundamental no ato de educar. Olhar enquanto capacidade de se voltar os olhos para aqueles que são efetivamente sujeitos históricos e de aprendizagens. É ela, tal capacidade, que estabelece a possibilidade de se reconhecer os alunos e alunas como portadores de uma individualidade sociocultural que, para além de serem capazes de aprender, também existem e que, por existirem, sentem, sofrem, amam. Vivem experiências que por vezes não são nossas, mas precisam ser identificadas para que suas existências possam ser ressignificadas e tornadas mais dignas. Não creio, em nenhuma medida, que seja necessário a constituição de uma "escola especial" para isso. Porque nesse quesito, todas as escolas precisam ser especiais.

Filme denso e rico em conjecturas.




PRECIOSA, Uma história de esperança. Direção: Lee Daniels. Produção: Lee Daniels, Gary Magness, Sara Siegel-Magness. [S.l.]: Lionsgate; PlayArte, 2009. 1 DVD.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Ser livre

A liberdade é assunto corrente na filosofia e condição da existência humana. Todos a procuram e querem vivenciá-la. Liberdade confunde-se, muitas vezes, com o ato de agir de acordo com a sua própria prerrogativa. De se poder optar observando as próprias convicções com a autonomia suficiente para conduzir a vida da forma que se acreditar ser a mais correta ou desejada. Para ser livre há que se poder fazer o que melhor convier. Essa é a liberdade do ser-em-si-e-para-si, que preexiste em cada indivíduo de forma subjetiva caracterizando uma autonomia absoluta que independe de qualquer ação exterior.

Mas essa é a expressão de liberdade que se concretiza no contexto do convívio social? Talvez não dessa forma tão ilimitada. Porque à ideia de liberdade do ser-em-si-e-para-si associa-se outra. A do ser-em-si-para-o-outro, que vincula-se a uma ética universal e coletiva. Em verdade, o indivíduo torna-se livre quando se reconhece como tal e é capaz de compreender aquilo que condiciona o seu agir. Porque assim, o ato condicionador que está para além das vontades individuais passa a permear ações, decisões e a própria relação com o outro sem, contudo, significar estado de submissão a-crítica. Sou livre na exata medida em que relacionando-me com o outro, responsabilizo-me por mim e por ele próprio.

Desta maneira, a ideia de liberdade absoluta torna-se distante porque o meu agir sempre implicará certa influência no agir do outro. E mais, sempre implicará interferência no contexto das relações sociais, da mesma forma que o Eu que age também o faz, em alguma medida, influenciado. Nunca serei livre sozinho. A consciência de que o ser-em-si-e-para-si realiza-se no ser-em-si-para-o-outro, passa a significar que o outro também almeja a liberdade.

Assim, nunca serei totalmente livre impedindo que o outro o seja. Serei, sim, cada vez mais livre quanto mais possibilitar a sua liberdade na materialização de sua existência, na mesma medida em que a minha própria.

Esse é um ponto de vista!

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Brincando com as palavras (III)...

Olhar.
Viver um sonho em instantes.
Curtir o azar.
Azarar.
Sentir o que não tem sentido.
Viver o afã do momento.
Sempre à procura.
Mas nunca definitivamente.
Amar.

sábado, 12 de novembro de 2011

Saberes

A necessidade de formação é inerente a todo ser humano, afinal, o homem é um sujeito aprendente. Aprende no dia a dia em suas vivências cotidianas, na escola e na academia. Gradua-se e apropria de um conhecimento que é científico. Completa-se enquanto homem ao desenvolver essa capacidade, inclusive. Constitui-se como um sujeito de conhecimento que alia aquele informal ao outro, acadêmico. Para quê? Para ter a capacidade de estabelecer relações ao longo da vida, sejam elas sociais ou de trabalho. O saber científico não é o único válido bem se sabe, nem insubstituível. O saber informal pode dotar o indivíduo de uma imensa capacidade reflexiva e torná-lo sábio. O saber científico não é, assim, condição única para se conhecer. O que acontece é que historicamente o conhecimento passou a ter mais valor ao associar-se cada vez mais à técnica. Dessa maneira, para exercer algum ofício tornou-se imprescindível a especialização. Especializar-se significou, então, dotar-se de habilidades para fazer. O homem é impelido a todo instante a especializar-se, a buscar nos institutos e academias o suporte necessário para a sua formação, sendo essa uma exigência imperativa da sociedade contemporânea. Especializar-se passa a significar, deste modo, preparar-se técnica e cognitivamente para enfrentar os dilemas da profissão.

Mas seria inoportuno e porque não discriminatório, considerar apenas o valor da formação acadêmica. Se esta faz-se tão importante e necessária, não menos valia possui aquela que experiencia-se todos os dias em diferentes contextos. A vida também pode ser considerada uma academia onde saberes constituem-se. Onde aprendizagens transformam-se em conhecimento adquirido a serviço da produção da existência e do aprimoramento da própria técnica. A relação entre esse saber adquirido nas vivências e a capacidade intelectual dos sujeitos permite que o desenvolvimento cognitivo, senão da mesma forma, porque diferentemente os saberes se produzem e se valoram, ocorra com a mesma intensidade. De posse dele os sujeitos colocam-se ante a realidade e transformam-na.

Em verdade, o saber está no contexto das relações que manifestam-se nos mais variados ambientes, sejam eles institucionalmente constituídos ou não.

sábado, 5 de novembro de 2011

Os barulhos nossos de cada dia

Aconteceu-me, recentemente, fato engraçado. Não tendo dormido em casa, perdi uma noite inteira de sono ouvindo os ruídos da redondeza. Máquinas ligadas, alarmes que disparavam, veículos transitando, trabalhadores executando serviços noturnos, sons de toda ordem. Uma barulheira só impedindo-me de dormir, pelo menos com tranquilidade.

Daí que, sono perdido, metaforicamente conclui que todos nós convivemos com barulhos, os nossos, que já nos acostumamos com eles, e com outros que ficam à espreita. Sejam eles do ambiente ou de foro íntimo, fazem-se presentes em nossas vidas e vão caminhando conosco. O que não suportamos, num primeiro instante, é o surgimento de novos barulhos que acabam por tirar-nos da nossa zona de conforto. Quando isso ocorre, saímos do centro e perdemos o sono, literalmente. Até que nos acostumamos com o novo ou nos despimos dele, porque se assim não o for, corremos o risco de, na duração de uma existência, nos tornarmos eternos incomodados.

Acostumamos com os barulhos da vizinhança que invadem nossa casa, com os barulhos presentes em nosso local de trabalho e com mais de uma centena que chegam até nós cotidianamente. Mas outros estão por aí. É que às vezes não nos apercebemos ou os experimentamos com frequência. Mas existem e, quando chegam, causam estranheza. Aborrecem-nos a ponto de enraivecer, até que nos livramos deles. Ou, sendo pior, sofremos inertes dias a fio.

De igual forma manifestam-se os barulhos interiores. Há aqueles com os quais convivemos mais constantemente que se instalam lá na alma e por isso nos acostumamos. Fazem-nos, inclusive, bem. Às vezes manifestam-se na forma daquelas perguntinhas que nos ajudam a estabelecer-nos ante a realidade para organizar a rota. São nossos. Mas há outros que de vez em quando se achegam gerando desconforto. Sua intensidade depende da causa geradora e de sua importância, enquanto que sua duração de uma relação valorativa. Quando não resolvidos, a dor torna-se companheira inevitável. Esses são aqueles oriundos das nossas relações de convívio. Barulho interior é fruto daquilo que, interiorizado, faz com que aquela voz em forma de sensação se manifeste lá no fundo confundindo-se vez por outra com um grito. A partir dele assumimos inexoravelmente uma determinada conduta comportamental que vai da alegria à tristeza e da angústia ao contentamento. Barulho interior quando não resolvido gera adoecimento e, quando ao contrário, compreendido, crescimento.

Barulhos existem! Só resta-nos saber conviver com eles.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O menino do pijama listrado

Estando ausente por um tempo deste espaço de reflexão, retorno procurando assumir o compromisso de fazer-me mais presente. Para tanto, publico uma sinopse do filme “O menino do pijama listrado”, na intenção de contribuir para que novas reflexões surjam considerando as subjetividades do enredo e dessa arte indiscutivelmente bela, o cinema.


O menino do pijama listrado é um longa que se passa na Alemanha quando da Segunda Guerra Mundial. Seu enredo descreve uma relação de amizade estabelecida entre uma criança alemã que se vê obrigada a conviver com sua família nas proximidades de um campo de concentração, pois seu pai era militar, e outra judia que se encontrava por detrás dos arames eletrificados desse mesmo campo.

O filme relata a crueldade imposta aos judeus pelo nazismo ao mesmo tempo em que demonstra que para a inocência da infância, ao não considerar as diferenças determinadas pelo mundo adulto, não há preconceito, discriminação, arrogância ou qualquer outra forma de mal querer. A impressão que fica ao assistirmos o desenrolar da história é a de que, quando a perdemos vida a fora - a inocência - corrompidos por uma relação social excludente e discriminatória, é que passamos a conviver com sentimentos que não deveriam condizer com a existência humana.

Do diretor Mark Herman, fica a dica de um excelente filme!




O MENINO do pijama listrado. Direção: Mark Herman. Produção: David Heyman. [S.l.]: BBC Films; Miramax Films; Heyday Films, 2008. 1 bobina cinematográfica.

quinta-feira, 31 de março de 2011

Lula, Dr. honoris causa

Doutor honoris causa. Esse foi o título concedido a Luis Inácio Lula da Silva pela Universidade de Coimbra, em Portugal. Tal título equivale a qualquer outro obtido por meio de doutoramento acadêmico nas várias áreas científicas, com o diferencial de ser concedido observando-se a relevância de uma “causa honrosa” praticada por aquele que o recebe, seja nas questões sócio-humanitárias, nas artes, nas letras, nas ciências. Esse título, de alguma forma, desmistifica o teor academicista que se concede ao saber. Isso porque pode-se considerar que a vida ensina tanto quanto a escola/academia e que as posturas assumidas por cada um ante a realidade, independente de sua escolarização, pode significar elevado nível de conhecimento.

Assim, ao titular Lula, a referida Universidade reconhece a atuação de um homem que, de operário a Presidente, muito contribuiu para o desenvolvimento sócio-econômico do Brasil e para o fortalecimento da democracia em toda a América Latina. Reconhece, ainda, sua luta ao lado do movimento operário e seu engajamento contra a fome e a favor das questões sociais para além de nossas fronteiras.

Por isso, não é muito afirmar que Lula o recebeu por mérito e por ser detentor de um conhecimento inestimável, mesmo que informal. Conhecimento este que o coloca no rol daqueles que são os mais sábios.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

A Educação Libertadora, de Paulo Freire

Em consonância com as idéias da Pedagogia Crítica se apresenta a “Educação Libertadora” de Paulo Freire. Ela pretende desmistificar os sonhos do pedagogismo dos anos cinquenta, que pensava que a escola faria tudo; e superar o pessimismo dos anos sessenta e setenta, que afirmava que a escola era puramente reprodutivista.

Freire, em sua pedagogia, pensa a educação como um ato político, um ato de conhecimento e um ato criador. Todo seu pensamento tem uma relação direta com a realidade, não desejando o seu reconhecimento somente, mas sim, a sua transformação. Para ele, a educação deveria criar condições para que o homem chegasse até a sua libertação, até a transformação da realidade, para melhorá-la, para torná-la mais humana. A conscientização e o diálogo se caracterizariam, assim, como sendo os elementos fundamentais dessa filosofia educacional.

A conscientização não se referiria apenas ao reconhecimento da realidade, mas ultrapassaria o nível da tomada de consciência crítica para constituir-se em uma ação nova e transformadora. Enquanto que o diálogo se constituiria a partir de uma relação horizontal entre as pessoas, não de sobreposição, mas sim de cumplicidade.

A “Educação Libertadora” considera o poder dos oprimidos para lutarem pelo interesse de sua própria libertação e os dota da capacidade para negarem todas as formas de dominação. Em sua concepção, a educação seria tanto mais ideal a partir do momento que se transformasse em um referencial de mudança a serviço de uma nova sociedade, onde prevaleceria a cooperação e a solidariedade. Ela está vinculada diretamente à “Educação Popular”, que deseja não só a emancipação da pessoa, como também a liberdade dos povos em um clima de humanização e conscientização.

Para saber mais:

ARANHA. Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da educação. 2. ed. Editora Moderna: São Paulo, 1996.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 19. ed. Paz e Terra: Rio de Janeiro, 2001.
_____________ Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. Editora UNESP: São Paulo, 2000.
_____________ Educação e mudança. 23. ed. Paz e Terra: Rio de Janeiro, 1999.
_____________ Educação como prática da liberdade. 22. ed. Paz e Terra: Rio de Janeiro, 1996.
____________ Pedagogia da esperança: um encontro com a pedagogia do oprimido. Paz e Terra: São Paulo, 1992.
_____________ Pedagogia do oprimido. 17. ed. Paz e Terra: Rio de Janeiro, 1987.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Para mudar...

Mudar os rumos significa mudar a prática, porque é ela que nos dota da capacidade de agir, de transformar. Por isso, se quer algo diferente faça diferente! E, para fazê-lo:

1. Deseje a mudança. Tudo passa pela vontade e pelo desejo de abrir-se ao novo.
2. Acredite naquilo que está disposto a fazer. Quem crê, transforma.
3. Saiba-se inconcluso e assuma-se como um ser de busca. Ninguém está nem nunca estará pronto e acabado. Tudo é provisório.
4. Assuma a práxis, que impõe o movimento da ação-reflexão-ação, com rigor no dia a dia. Aja, reflita e, como fruto da reflexão, dê vida a uma ação nova e transnsformadora.
5. Assuma o novo compreendendo o processo dialético de continuidade-ruptura que o origina. Rompa com aquilo que não serve mais e permita que permaneça aquilo que é importante permanecer.
6. Possibilite o enraizamento do novo. Permita que o novo adentre o seu íntimo e permaneça caracterizando a mudança efetiva.
7. Encarne as idéias que se tenha com o compromisso de dar-lhes vida. É da capacidade de pensar que nascem os sonhos e se torna possível a materialização da realidade.

Para mudar, talvez não seja tão complexo. Basta ter ciência de que a mudança é possível e que o novo apresentar-se-á desde que se encontre o caminho para chegar até ele. Se deseja mudar, faça por onde! Assuma-se, enquanto antes, como um ser capaz de mudança.