Por Fabrício Brandão

Por Fabrício Brandão

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Ser livre

A liberdade é assunto corrente na filosofia e condição da existência humana. Todos a procuram e querem vivenciá-la. Liberdade confunde-se, muitas vezes, com o ato de agir de acordo com a sua própria prerrogativa. De se poder optar observando as próprias convicções com a autonomia suficiente para conduzir a vida da forma que se acreditar ser a mais correta ou desejada. Para ser livre há que se poder fazer o que melhor convier. Essa é a liberdade do ser-em-si-e-para-si, que preexiste em cada indivíduo de forma subjetiva caracterizando uma autonomia absoluta que independe de qualquer ação exterior.

Mas essa é a expressão de liberdade que se concretiza no contexto do convívio social? Talvez não dessa forma tão ilimitada. Porque à ideia de liberdade do ser-em-si-e-para-si associa-se outra. A do ser-em-si-para-o-outro, que vincula-se a uma ética universal e coletiva. Em verdade, o indivíduo torna-se livre quando se reconhece como tal e é capaz de compreender aquilo que condiciona o seu agir. Porque assim, o ato condicionador que está para além das vontades individuais passa a permear ações, decisões e a própria relação com o outro sem, contudo, significar estado de submissão a-crítica. Sou livre na exata medida em que relacionando-me com o outro, responsabilizo-me por mim e por ele próprio.

Desta maneira, a ideia de liberdade absoluta torna-se distante porque o meu agir sempre implicará certa influência no agir do outro. E mais, sempre implicará interferência no contexto das relações sociais, da mesma forma que o Eu que age também o faz, em alguma medida, influenciado. Nunca serei livre sozinho. A consciência de que o ser-em-si-e-para-si realiza-se no ser-em-si-para-o-outro, passa a significar que o outro também almeja a liberdade.

Assim, nunca serei totalmente livre impedindo que o outro o seja. Serei, sim, cada vez mais livre quanto mais possibilitar a sua liberdade na materialização de sua existência, na mesma medida em que a minha própria.

Esse é um ponto de vista!

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