Por Fabrício Brandão

Por Fabrício Brandão

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Sobre imagens e olhares

Imagens e olhares, como se completam. Imagens representam tudo o que é passível de ser captado por esse sentido tão peculiar, o olhar. Mais de 80% das informações chegam por meio dele até o ser humano. Claro que cada visão é uma visão sob dado ponto de vista. São múltiplos os olhares. Mas é ele, o olhar, que permite reconhecer, num primeiro momento, as manifestações que configuram a realidade. Olhamos e constatamos como tudo se organiza. As paisagens, os movimentos, as pessoas. Voltar o olhar para uma imagem significa desejar compreendê-la partindo de um movimento que nos leva da aparência à essência. Observar o real pressupõe compreendê-lo como um todo que está organizado para além da soma de suas partes. Olhamos, procedemos análise e emitimos juízo de valor. Olhar significa, então, mais que captar imagens pura e simplesmente. Significa posicionar-se ante aquilo que está sendo visto. O olhar deve permitir ao sujeito posicionar-se ante a estética, às relações e às subjetividades. Os olhos são, assim, portas de entrada para tudo que quer chegar até o domínio cognitivo com a finalidade de ser apreciado.

O homem, sujeito capaz de reflexão, é sujeito capaz de colocar-se ante aquilo que se dispõe a conhecer. Olhamos para uma manifestação estética e nos posicionamos entre o belo e o feio. Olhamos para as relações humanas e emitimos um juízo que vai desde a corrupção dos valores até os princípios da solidariedade. Olhamos para as subjetividades que constituem cada indivíduo em particular e julgamos sua condição humana. Este é assim, aquele é de outro jeito. Um é melhor, o outro é pior. Eu gosto disso, o outro gosta daquilo. E assim por diante...

O olhar, sob a mediação da razão, permite-nos reconhecer as verdades que se manifestam no contexto do cotidiano. Sempre considerando que toda verdade é provisória e está impregnada, muitas vezes, de convicções pessoais.

Assim, imagens e olhares aproximam-se na mesma medida em que aproximam-se consenso e discenso. Não há fórmula para se ver algo sempre sob a mesma ótica. Afinal, toda vista é a vista partindo de um ponto. Quão melhor! Já pensou se homogeneizássemos a capacidade do olhar? Fosse assim, creio que a vida seria muito chata!

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