Por Fabrício Brandão

Por Fabrício Brandão

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

A televisão e a escola

A televisão pode ser um importante instrumento a serviço da formação dos sujeitos, desde que seja destinado a ela um caráter educativo. Como equipamento tecnológico este aparelho encontra-se presente em praticamente 100% dos lares brasileiros portando todo o tipo de informação em programas com os mais variados formatos e tendências, inclusive ideológicas. Alguns possuem caráter potencialmente educativo enquanto que outros, a primeira vista, nem tanto, mas que se bem aproveitados passariam a tê-lo. A TV assume lugar comum na vida de todos os cidadãos e cidadãs formando opinião e conduzindo pontos de vista, estando atrelada, muitas vezes, a parcialidades sócio-culturais que precisam ser interpretadas e compreendidas.

Por conter um viés ideológico e alienante e sendo imprescindível minimizá-lo, fundamental seria que cada um tivesse a possibilidade e, porque não dizer, a oportunidade de interpretar as mensagens por ela portadas com um mínimo de criticidade. A saber, o julgamento crítico é condição essencial para que uma leitura de mundo seja feita a partir da sua essência e não somente a partir daquilo que se manifesta no nível da aparência, podendo ser atingido quanto mais com a formação intelectual. Disso não há dúvida.

Um caminho estaria vinculado, então, ao papel formador desempenhado pela escola, que deve fazer-se valer deste importante veículo de comunicação para promover uma análise crítica da sua forma e conteúdo. Forma enquanto equipamento que porta uma mensagem e conteúdo enquanto qualidade da mensagem portada. É sabido que o processo de ensino e aprendizagem torna-se tanto mais efetivo quanto mais atrativo. Assim, fazendo-se valer da televisão o responsável por esse processo potencializaria um equipamento que está presente no gosto popular e, por isso, contribuiria sobremaneira para o desenvolvimento da capacidade de proceder a crítica, bem como com a própria formação dos sujeitos. Não há que se desconsiderar que a escola é uma instituição que educa e que deve utilizar-se de diversos meios e situações para atingir esse fim.

Consideramos que a TV pode ser melhor aproveitada no espaço da sala de aula e acreditamos que, em sendo, o professor estaria prestando um grande serviço a toda uma sociedade, pois somente no ambiente da análise e da crítica a capacidade de pensar evolui.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Marina Silva e a Educação

Pela manhã a candidata do PV à Presidência da República, Marina Silva, concedeu uma entrevista para os apresentadores do telejornal “Bom dia Brasil”. Considerando os pontos abordados, chamou-me a atenção aquele em que ela defende a Educação Integral. Digo isso porque na sua exposição ficou evidente a idéia que tem acerca da temática, que está para além daquela que caracteriza a Escola de Tempo Integral. Marina Silva, ao seu modo, fez questão de frisar que há uma diferença entre educação integral e escola de tempo integral, justificando que na primeira concepção a formação extrapola os muros da escola e pode ocorrer em outros espaços, como num museu, numa comunidade ou em outros que sejam formadores em potencial. Destaco que a candidata, pensando assim, ratifica que todos os espaços são formadores e que a escola precisa aproveitá-los como tal. E, mais que isso, que ela precisa dar a eles essa conotação.

De pronto, não só concordo com sua proposta para a educação como acredito ser este o caminho. A escola é sim um espaço formador, mas esse não se restringe a ela apenas.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

É hora de eleição!

Época de eleição é salutar porque possibilita ao cidadão e cidadã refletir sobre propostas e programas que interferirão sobremaneira na sua vida cotidiana. Participar da política, em que esfera for, Federal, Estadual ou Municipal, significa desejar contribuir para que os direitos básicos à saúde, educação, emprego, segurança, moradia, dentre tantos outros, como à cultura e ao lazer, por exemplo, sejam garantidos e transformados em qualidade de vida para todos e cada um. A escolha de um candidato está relacionada ao compromisso que se assume com toda uma coletividade, tendo como fim último o bem comum.

Ninguém deve se omitir do exercício do voto. É ele que garante a participação no processo democrático que acaba por definir quais políticas públicas serão implementadas em cada área essencial para o desenvolvimento humano. Por isso, estar atento ao compromisso social assumido pelos candidatos e candidatas é questão primordial na hora da escolha. Estar atento, também, ao passado de cada um e à sua atuação nas câmaras e gabinetes, no caso de já serem possuidores de mandato, torna-se tão necessário quanto conhecer o seu viés ideológico, pois muito do que se faz é fruto do que se pensa.

Desejo assim, bom voto em 03 de outubro!

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

FUTURO DO PRETÉRITO

Posto aqui um poema escrito pelo meu grande amigo, Nonato Mendes Neto, em seu livro "A Gosto do Acaso". Ótima literatura escrita com talento e sensibilidade.


"Virias hoje para me ver,
mas tinhas que andar entre filósofos
e plantar a semente da indagação.
Era preciso inspirar poetas de aldeias distantes
para torná-los célebres depois de mortos.
  
       Tenho sonhado tanto e esquecido mais.
       Superfícies pautadas em branco é o que há,
       e reis que não se sagram,
       castelos que não se erguem,
       solos que não se cultivam,
       pães que não se preparam,
       romãs que não se colhem,
       cores que não se miram,
       alaúdes que não se tocam,
       rimas que não se concebem,
       cantigas que não se entoam,
       salmos que não se escrevem,
       verbos que não se despertam...
       Latim que não se traduz. 

      E eu impedido de fabricar girassóis.

Se ao menos passasses por aqui.
Se estalasses o dedo ou me lançasses um olhar,
mesmo mais rápido que a luz,
já haveria astros sobre a minha cabeça,
e eu poderia povoar o mundo de luas e sóis.  

Eu falaria do homem no arranha-céu,
a assinar papéis e a devorar cigarros.
Mas eu falaria mais da sua vontade
de atirar-se do centésimo primeiro andar
e de parar o trânsito da segunda-feira,
para se tornar manchete nos jornais,
o comentário do dia nas repartições públicas,
quem sabe inspirar uma crônica ou poema
e virar literatura.

Eu falaria do homem seu irmão,
que tem uma dúzia de filhos,
e da mulher que os preparou,
do nome dele num deles,
dos bichos que criam em terras
que não figuram nos mapas,
da casa de pau-a-pique e barro branco
com terreiro de galinhas e varais
em que se agitam panos e remendos,
das estrelas que contam à noite
num céu pralém do sem rumo,
do rádio de pilhas que chia
e não traz notícias da civilização.

Eu falaria de José e de Maria
e da poesia em seus batismos,
da colcha de retalhos dela
e do seu sonho de ser modista.

Do quando raro em que a peleja intervala
e surgem desenhos a carvão na parede do paiol.
É dele o desejo de transformar listras em letras
e de dizer-se sem voz.
Eu os tornaria imperadores
de uma província sem súditos.

Eu buscaria no limbo as almas dos meninos
que morrem sem sacramento.
Reverteria anjos em moleques
para que empinassem papagaios,
bebessem chuva, roubassem mangas,
carambolas e frutas-do-conde.
Para que caçassem vaga-lumes
e dormissem sem rezar o terço
(ainda assim sonhariam com Deus).
Eu afrontaria ampulhetas de pós tão escorregadios
e açoitaria andaços que interrompem destinos.

Eu falaria de meninas imaculadas,
que sonham com príncipes em cavalos brancos
e mutilam bonecas à meia noite,
das orações entrecortadas de suspiros,
das tranças desfeitas e das alças pendidas,
dos sonhos que fazem corar.
Eu falaria de benzedeiras que afastam quebrantos,
de bruxas em casebres, cozendo ervas num caldeirão
para salvar filhos de lavadeiras com ventre virado,
cortando galhos de sapé para retirar impingem
e rezando coisas (que eu não ousaria decifrar),
sem medo de inquisições.

Eu colocaria em pauta o que está sob lençóis,
até mesmo o que eu não pudesse apreciar
e talvez fosse profano e quiçá chocasse
e trincasse santos no altar.
Ah! As coisas insondáveis que eu revelaria,
as cartas de amor não enviadas
(ridículas e eróticas)
ardendo em gavetas de fundo falso,
a ponto de desfazer papiros.

Se ao menos passasses por aqui.
Se estalasses o dedo ou me lançasses um olhar,
mesmo mais rápido que a luz,
eu dizimaria o silêncio,
faria ruir o que é claustro.
E, se ficasses um minuto mais,
dançaria contigo uma valsa qualquer
sobre os escombros."

NETO, José Nonato Mendes. A gosto do acaso. Belo Horizonte: Cuatiara, 2002.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

7 de Setembro

Hoje, pela manhã, muitos monlevadenses se dirigiram para a Avenida Getúlio Vargas com o objetivo de assistirem ao desfile de 7 de Setembro. Novamente sucesso de público. Ao longo de todo o percurso uma multidão assistia atenta às escolas e sociedade civil organizada que muito bem expressaram o tema deste ano, 20 Anos do Estatuto da Criança e do Adolescente. A Administração Municipal, ao realizá-lo, cumpre com o seu dever cívico de comemorar a Independência do nosso país abordando temáticas que contribuem para que o cidadão reflita sobre o seu valor. Seria muito ter a pretensão de apontar um destaque entre aqueles que desfilaram, pois todos engrandeceram a data comemorativa com brilho e senso de patriotismo. Fica o agradecimento pelo empenho e o reconhecimento de que cada um que ali esteve cumpriu com o seu papel de cidadão e cidadã que faz do Brasil um país verdadeiramente INDEPENDENTE!

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Privilége

Tudo tem passado, ficado num tempo sem volta e distante.
Definitivamente recuperá-lo, o tempo, não há como.
Quiçá fosse possível recuperar o conteúdo manifestado nele quando aconteceu.
Aí sim, o presente tomaria outra cor, menos cinza e mais radiante.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Acaso e Destino

Acaso e destino. Duas potências misteriosas. A primeira desenrola-se no exato momento em que se não esperava, sem explicação final ou conseqüência de algo. O que acontece sem ser explicado por nenhuma relação com outras coisas. É uma ação imprevista materializada num dado momento. A segunda, em sendo processo, é a linha traçada pelo tempo onde tudo acontece. Representa uma sucessão inevitável de acontecimentos provocados ou desconhecidos, sendo, por isso, muitas vezes utilizado para justificar o que não se explica pela via do conhecimento ou da ciência.

Muitos não os consideram. Dão ao desenrolar da vida um caráter mais pragmático e mais independente de uma ação externa que ordena o mundo. Apontam o que se apresenta como conseqüência de suas próprias escolhas e fruto daquilo que naturalmente evoluiu. Procuram dar explicações lógicas para tudo que possa caracterizar um provável absurdo existencial. Assumem uma postura cética duvidando de tudo o que se possa duvidar.

Outros, por crerem, entendem que acaso e destino conduzem situações possibilitando  que se seja o que se é e que se faça o que se faz. Os colocam no transcurso da caminhada como aquilo que define rumos e aponta direções. Para esses, ambos seriam como dois pólos aglutinadores que dão à vida o contorno que ela tem, às vezes de forma consentida, às vezes não. Por estarem mais próximos de um estágio de consciência mágica submetem-se a fatos e dogmas tendo muito mais em que se acreditar.

De pronto, acaso e destino incompreendidos o são. Duas incógnitas que se manifestam na relação do Eu com o mundo. Assumindo uma posição crítica mais prudente seria analisar contextos e atitudes, pois, o homem, em seu constante estado de vir-a-ser não se submete ao tempo de forma passiva, mas sim, coloca-se ante a história como sujeito capaz de transformação. Se influenciado por potências misteriosas, em igual medida ele constrói o seu futuro a partir do que de real lhe é apresentado num momento presente que é objeto de sua ação. Acaso e destino se destacariam, assim, como complementares e não determinantes no contexto que caracteriza o cotidiano de cada um. Cotidiano esse que é mais fruto da capacidade de agir do que do desconhecido ou do imprevisível. Em princípio essa pode ser uma convicção.